Thursday, October 27, 2005

I Ching: Método e Apresentação.

1. Preliminar

Uma das técnicas oraculares que eu tenho praticado, além da Astrologia, é o antiquíssimo Oráculo das Mutações chinês, conhecido como I Ching, às vezes, referido como I Ging ou outras variantes.

2. O Método de Consulta ao Oráculo

Faz-se uma pergunta. Arremessa-se seis vezes três moedas para se obter a resposta oracular.

O método do oráculo, em sua versão mais conhecida, se faz arremessando três moedas ao ar. Eu utilizo três moedas de 25 centavos (escolha arbitraria) e costumo joga-las sobre um pano branco em meu quarto. Quando posso me dar ao luxo, às vezes eu acendo um incenso ou coloco uma música calma, como Kitaro, para auxiliar a concentração. Pessoalmente, eu decidi (arbitrariamente) atribuir os valores Face-25 = 2 e Contra-Face = 3, ao se jogar as três moedas, pode-se obter:

2 + 2 + 2 = 6
2 + 2 + 3 = 7
2 + 3 + 2 = 7
3 + 2 + 2 = 7
2 + 3 + 3 = 8
.
.
.
3 + 3 + 3 = 9

As combinações 6 ou 9 correspondem a todas as faces cara ou coroa, e o I Ching se refere a elas como "linhas enfatizadas", sendo consideradas linhas mais fortes.

Mas o que são essas linhas? As três moedas devem ser jogadas seis vezes. A cada lance das três moedas, corresponde uma linha. Se a soma das três moedas for par (isto é, 6 ou 8) a linha deverá ser desenha aberta. Caso contrário (7 ou 9) a linha deverá ser desenhada fechada.

Assim, um hexagrama é uma sequência dessas seis linhas desenhadas, que podem ser linhas abertas ou fechadas ao acaso, numa linguagem matemática binaria.

Exemplo:
________________ ímpar (6a linha)
_______ _______ par .
________________ ímpar .
________________ ímpar .
_______ _______ par (2a linha)
_______ _______ par (1a linha)

Conforme se joga as moedas, o hexagrama deve ser sempre desenhado de baixo para cima, comforme ilustrado na figura acima. Abaixo, figura com os 64 hexagramas:

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3. Análise Combinatória

Do ponto de vista da Análise Combinatória, as possibilidades são duas para a primeira linha (aberto ou fechado), duas para a segunda linha e assim por diante até a sexta linha:

2x2x2x2x2x2 = 64 possibilidades no total.

E daí a existência dos famosos 64 hexagramas do I Ching.

4. A pergunta e a obtenção da resposta.

Uma vez que o consulente jogou seis vezes as três moedas e desenhou as respectivas seis linhas (sempre de baixo para cima!), ele terá formado o hexagrama, que corresponde a uma resposta dada pelo oráculo à pergunta ou às dúvidas do consulente.

Pessoalmente, gosto de escrever a pergunta e, inclusive, anotar o horário em que a pergunta foi feita, para eventualmente também estudar o horóscopo da pergunta. Até onde sei, a pergunta deve estar definida antes que se inicie o lance das moedas.

No livro de Richard Wilhelm (I Ching - O livro das Mutações),

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o consulente procura na parte final do livro o número, o nome e a página do hexagrama, que o remeterá até a página em que consta o texto, que terá de ser interpretado.

5. Dica quente: Orkut!!

A comunidade "I Ching" do Orkut está realmente "pegando fogo". Há poucos dias eu li uma bela entrevista nessa comunidade, que motivou a escrever essa postagem. Trata-se do tópico "Perguntas freqüentes a respeito do I Ching" dessa comunidade, aberta por Ion e que transcreve uma bela entrevista dele. O endereco do tópico é:

http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=119385&tid=9527397&start=1

(Se o link acima falhar, copie e cole. Obrigado.)

Na imagem da comunidade, há o símbolo do Tao do Yin-Yang, rodeado dos oito trigramas (cada hexagrama é uma combinação de um par desses trigramas):

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Alguns trechos da entrevista de Ion que chamaram a atenção, seguem citados abaixo:

A) O IC [I Ching] enquanto oráculo difere muito dos da tradição Ocidental - como Tarot, cartas, Runas, etc. - porque nunca deixa a pessoa cair numa visão fatalista da realidade. No IC o Homem está nitidamente definido como vontade e livre-arbítrio, e ele não deixa a pessoa abstrair sua responsabilidade sobre os acontecimentos nem que ela queira. Do ponto de vista do IC ninguém se envolve em uma situação boa ou ruim por obra e graça do acaso. Ela entrou lá por seus próprios pés, e é com eles que ela vai ter que sair.

B) Consta que o IC teria feito parte do código militar japonês até 1943, e que durante a II Guerra Mundial o alto comando japonês o teria utilizado para estudar situações concretas de batalha.

C) Na nossa cultura quando damos importância para o livre-arbítrio não é que a gente acredita muito na gente, não. No fundo a gente dá importância para livre-arbítrio porque não acredita em coisa nenhuma. Por isso que sempre tem alguém dizendo: - "Se você não for lá e fizer as coisas, as coisas não rolam!" E para o chinês não é assim.

D) Se a gente usar um raciocínio careta, vai chegar à conclusão que não dá para navegar contra o vento. E na verdade dá. Se você entender o jogo das velas, e a dinâmica do vento, pode converter aquela força de oposição numa força de propulsão.
Esse mesmo princípio está presente no Tai Chi Chuan - uma luta que por sinal está muito ligada IC. (...) Em suma é sob esse mesmo princípio que o IC opera como oráculo: avaliando como obter o melhor resultado, despendendo o mínimo possível de energia. Se você compreender bem como as forças interagem dentro de um determinado contexto, você pode utilizar essas mesmas forças a seu favor.

E) Para início de conversa acho que a grande edição do IC é mesmo a do Richard Wilhelm - não tem outra.

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O Wilhelm viveu muito tempo na China, conviveu com os últimos grandes mestres chineses do século XIX, então essa é a grande edição. É a única que descreve os elementos sintáticos e formais pelos quais a lógica do IC funciona. Porque no IC as imagens se articulam como fórmulas de álgebra, de física, de química.

F) O IC tem aproximadamente 3.350 anos. Isso os textos, porque segundo alguns historiadores os seus símbolos seriam 6 séculos mais antigos.

G) No texto de uma das linhas tem uma imagem que é fantástica. Diz ela: "Se você perde seu cavalo, não corra atrás dele. Ele voltará por si mesmo". Trata-se de uma imagem que ilustra aquelas situações de duas pessoas que se gostam - como amigos ou amantes, tanto faz -, que de repente, por uma besteira qualquer, acabam se perdendo num desentendimento interminável que ninguém sabe como começou. A idéia de um cavalo que quanto mais se corre atrás mais longe foge, ilustra bem esses imbróglios onde quanto mais se tenta consertar mais a coisa fica confusa. Qual é então a postura sugerida? A de ficar quieto. Se os laços entre as duas pessoas de fato existem, se forem suficientemente fortes, não há necessidade de se correr atrás do cavalo porque ele volta sozinho para a cocheira. Isto é, a ordem se restabelece naturalmente, é questão só de deixar a poeira assentar. / Agora é uma frase sacanamente Taoísta, porque o texto adverte que "se o cavalo for seu"... Porque se o cavalo não for seu, também está resolvido - deixa ele ir embora e pronto.

OBS: Na postagem anterior eu mencionei uma frase atribuida ao rockeiro John Lennon:

"Amo a liberdade, por isso...Deixo as coisas que amo livres ... Se elas voltarem é porque as conquistei ... Se não voltarem é porque nunca as possuí" (John Lennon)

Provavelmente não foi "coincidência" que eu tenha lido essa frase poucos dias antes de ler essa entrevista de Ion. Voltemos aos trechos.

H) Mas é importante que se diga que sua utilidade prática não se restringe exclusivamente a China e a antiguidade, porque uma de suas façanhas mais recentes ocorreu no Ocidente, que foi (embora pouca gente saiba disso...) a de ser é o pai da Informática! Trata-se de um fato histórico, porque foi na virada do século XVII para o XVIII, que Leibniz - o famoso filósofo e matemático alemão




- ao contemplar a seqüência circular dos 64 símbolos do IC,

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e compreender a lógica da sua disposição, associou as linhas Yin e Yang a 0 e 1, e desenvolveu o cálculo binário, que é a linguagem dos computadores modernos. Não é à toa, portanto, que o IC tem exercido tanta atração sobre os programadores de softwares; haja visto a grande quantidade de programas e sites de Internet para se "jogar" IC.

I) Aliás esse King do Tao Te King é o mesmo do IC - I King.

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King é uma denominação que Confúcio atribuiu parece que para 13 grandes textos clássicos chineses, sendo o IC um deles e o Tao Te King outro. A designação King quer dizer "livro clássico". Na suas origens o nome do IC era Chou I, onde I quer dizer mutações e Chou o nome da era histórica chinesa onde ele se originou; portanto seu nome original era "Mutações da Era Chou". Só mais tarde, no período Confucionista, é que ele passou a se chamar IC - "Livro Clássico das Mutações", como Tao Te King quer dizer "Livro Clássico do Tao". Só esses grandes textos chineses têm esse nome.

3 comments:

Anonymous said...
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Anonymous said...

Caro Henrique, meu nome é Thiago mas vc me conhece pelo codinome de mad max....bom eu fiz um mapa astral na web onde deu q meu ascendente é virgem, meu signo solar é gemios e o lunar é cancer, eu acho q deve estar errado tem como vc ver p/ mim?? nasci no dia 13/06/1983 as 12.30 da tarde...quebra essa, me responde pelo orkut...blza? obrigado.

VASUDEVA said...

Encontrei esse seu post e queria compartilhar que existem cursos sobre o I Ching aqui em Sampa na sociedade Taoista www.taoista.org.br e sobre astrologia chinesa. Vale indicar o I Ching do Alfred Huang que tem mais a filosofia chinesa e mais moderno. Abs Gui