Saturday, November 29, 2008

Lindíssimo Pôr do Sol - parte 2.

Ontem, sexta-feira, eu terminei meu jantar e saí andando pela USP, procurando um bom lugar para observar a conjunção Vênus - Júpiter. A Meteorologia já acenava com suas previsões: o céu estava repleto de nuvens em São Paulo.

No campus da Cidade Universitária, creio que a Praça do Relógio é um dos melhores lugares para se ver a conjunção.


Crédito da Imagem:
Autor: Kim Samejima Lopes
Fonte: http://olhares.aeiou.pt/praca_do_relogio___usp/foto73503.html
Descrição: Visão do Pôr do Sol da Praça do Relógio da USP. A foto não tem relação com o fenômeno astronômico aqui descrito, sendo apenas ilustrativa. Provavelmente foi tirada a partir da escadaria (eu imagino) do bloco C ou do bloco E do CRUSP, a moradia estudantil.


Fui então até a Praça do Relógio na esperança (descrente) de que o céu abrisse. Não havia o menor aceno dessa possibilidade. E minha vontade era gritar com as nuvens. Desisti. Fui tomar café num dos meus lugares favoritos, ali do lado: a cantina do Teatro. E na falta de uma Vênus no céu, eu ganho a visão de outra na Terra. Já eram cerca de 20h 50min quando tive o prazer de encontrar uma das figuras mais míticas da minha imaginação. Se as nuvens ocultavam as conjunções prometidas no céu, nada puderam fazer pelas conjunções da terra: tomei um dos melhores cafés da minha vida. Uma peça de Teatro iria começar às 21h, descolei meu ingresso "verde" e fui. Olhei para as nuvens do céu, olhei para a porta do Teatro. Um espetáculo estava aberto, o outro não. Lembrei que não tinha pago meu café ainda e fui para a cantina fazê-lo, mas havia uma nuvem de pessoas aglomeradas. "Karina, tô largando o dinheiro aqui no balcão e vou correr pra peça, tá?" - gritei.

Fui. Mas havia uma fila no corredor e tive que esperar um pouco nela. A fila anda e todo mundo entrando e tomando seus lugares. Lembrei da conjunção e morri de vontade de olhar para trás. Será que as nuvens ainda estavam lá? A organização apressava o público para entrar. E eu com a dúvida de uma mulher de Ló (Gênesis 19:17), mas virei e olhei. E ao invés de me fazer estátua de sal, as nuvens se abriram, como que uma fenda entre elas e os galhos das plantas. E Júpiter e Vênus, lado a lado, me fitavam pela primeira vez na vida. A conjunção estava alta e devia ter mais de um palmo acima do horizonte (que eu não podia ver, mas estimava), talvez uns dois... Vênus cintilava no mesmo ritmo do meu Pulmão emocinado, como um olho abrindo e fechando feito uma flor de luz: brilhava a ponto de ofuscar o próprio Júpiter.

Tive medo de perder a entrada do Teatro. De um lado da porta, havia lá fora no céu uma conjunção de Vênus e do outro lado de cá da porta, outra Vênus fazia conjunção dentro de mim. E tudo se sincronizava em meu sorriso, até eu conseguia ver o meu sorriso.

1 comment:

Anonymous said...

Henrique,
meu nome é Kim e sou autor desta foto.
Gostaria que este post fosse removido, uma vez que não autorizei o uso da fotografia tampouco a divulgação de meu nome.

Agradeço a cooperação.

Kim