Thursday, October 27, 2005

I Ching: Método e Apresentação.

1. Preliminar

Uma das técnicas oraculares que eu tenho praticado, além da Astrologia, é o antiquíssimo Oráculo das Mutações chinês, conhecido como I Ching, às vezes, referido como I Ging ou outras variantes.

2. O Método de Consulta ao Oráculo

Faz-se uma pergunta. Arremessa-se seis vezes três moedas para se obter a resposta oracular.

O método do oráculo, em sua versão mais conhecida, se faz arremessando três moedas ao ar. Eu utilizo três moedas de 25 centavos (escolha arbitraria) e costumo joga-las sobre um pano branco em meu quarto. Quando posso me dar ao luxo, às vezes eu acendo um incenso ou coloco uma música calma, como Kitaro, para auxiliar a concentração. Pessoalmente, eu decidi (arbitrariamente) atribuir os valores Face-25 = 2 e Contra-Face = 3, ao se jogar as três moedas, pode-se obter:

2 + 2 + 2 = 6
2 + 2 + 3 = 7
2 + 3 + 2 = 7
3 + 2 + 2 = 7
2 + 3 + 3 = 8
.
.
.
3 + 3 + 3 = 9

As combinações 6 ou 9 correspondem a todas as faces cara ou coroa, e o I Ching se refere a elas como "linhas enfatizadas", sendo consideradas linhas mais fortes.

Mas o que são essas linhas? As três moedas devem ser jogadas seis vezes. A cada lance das três moedas, corresponde uma linha. Se a soma das três moedas for par (isto é, 6 ou 8) a linha deverá ser desenha aberta. Caso contrário (7 ou 9) a linha deverá ser desenhada fechada.

Assim, um hexagrama é uma sequência dessas seis linhas desenhadas, que podem ser linhas abertas ou fechadas ao acaso, numa linguagem matemática binaria.

Exemplo:
________________ ímpar (6a linha)
_______ _______ par .
________________ ímpar .
________________ ímpar .
_______ _______ par (2a linha)
_______ _______ par (1a linha)

Conforme se joga as moedas, o hexagrama deve ser sempre desenhado de baixo para cima, comforme ilustrado na figura acima. Abaixo, figura com os 64 hexagramas:

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3. Análise Combinatória

Do ponto de vista da Análise Combinatória, as possibilidades são duas para a primeira linha (aberto ou fechado), duas para a segunda linha e assim por diante até a sexta linha:

2x2x2x2x2x2 = 64 possibilidades no total.

E daí a existência dos famosos 64 hexagramas do I Ching.

4. A pergunta e a obtenção da resposta.

Uma vez que o consulente jogou seis vezes as três moedas e desenhou as respectivas seis linhas (sempre de baixo para cima!), ele terá formado o hexagrama, que corresponde a uma resposta dada pelo oráculo à pergunta ou às dúvidas do consulente.

Pessoalmente, gosto de escrever a pergunta e, inclusive, anotar o horário em que a pergunta foi feita, para eventualmente também estudar o horóscopo da pergunta. Até onde sei, a pergunta deve estar definida antes que se inicie o lance das moedas.

No livro de Richard Wilhelm (I Ching - O livro das Mutações),

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o consulente procura na parte final do livro o número, o nome e a página do hexagrama, que o remeterá até a página em que consta o texto, que terá de ser interpretado.

5. Dica quente: Orkut!!

A comunidade "I Ching" do Orkut está realmente "pegando fogo". Há poucos dias eu li uma bela entrevista nessa comunidade, que motivou a escrever essa postagem. Trata-se do tópico "Perguntas freqüentes a respeito do I Ching" dessa comunidade, aberta por Ion e que transcreve uma bela entrevista dele. O endereco do tópico é:

http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=119385&tid=9527397&start=1

(Se o link acima falhar, copie e cole. Obrigado.)

Na imagem da comunidade, há o símbolo do Tao do Yin-Yang, rodeado dos oito trigramas (cada hexagrama é uma combinação de um par desses trigramas):

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Alguns trechos da entrevista de Ion que chamaram a atenção, seguem citados abaixo:

A) O IC [I Ching] enquanto oráculo difere muito dos da tradição Ocidental - como Tarot, cartas, Runas, etc. - porque nunca deixa a pessoa cair numa visão fatalista da realidade. No IC o Homem está nitidamente definido como vontade e livre-arbítrio, e ele não deixa a pessoa abstrair sua responsabilidade sobre os acontecimentos nem que ela queira. Do ponto de vista do IC ninguém se envolve em uma situação boa ou ruim por obra e graça do acaso. Ela entrou lá por seus próprios pés, e é com eles que ela vai ter que sair.

B) Consta que o IC teria feito parte do código militar japonês até 1943, e que durante a II Guerra Mundial o alto comando japonês o teria utilizado para estudar situações concretas de batalha.

C) Na nossa cultura quando damos importância para o livre-arbítrio não é que a gente acredita muito na gente, não. No fundo a gente dá importância para livre-arbítrio porque não acredita em coisa nenhuma. Por isso que sempre tem alguém dizendo: - "Se você não for lá e fizer as coisas, as coisas não rolam!" E para o chinês não é assim.

D) Se a gente usar um raciocínio careta, vai chegar à conclusão que não dá para navegar contra o vento. E na verdade dá. Se você entender o jogo das velas, e a dinâmica do vento, pode converter aquela força de oposição numa força de propulsão.
Esse mesmo princípio está presente no Tai Chi Chuan - uma luta que por sinal está muito ligada IC. (...) Em suma é sob esse mesmo princípio que o IC opera como oráculo: avaliando como obter o melhor resultado, despendendo o mínimo possível de energia. Se você compreender bem como as forças interagem dentro de um determinado contexto, você pode utilizar essas mesmas forças a seu favor.

E) Para início de conversa acho que a grande edição do IC é mesmo a do Richard Wilhelm - não tem outra.

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O Wilhelm viveu muito tempo na China, conviveu com os últimos grandes mestres chineses do século XIX, então essa é a grande edição. É a única que descreve os elementos sintáticos e formais pelos quais a lógica do IC funciona. Porque no IC as imagens se articulam como fórmulas de álgebra, de física, de química.

F) O IC tem aproximadamente 3.350 anos. Isso os textos, porque segundo alguns historiadores os seus símbolos seriam 6 séculos mais antigos.

G) No texto de uma das linhas tem uma imagem que é fantástica. Diz ela: "Se você perde seu cavalo, não corra atrás dele. Ele voltará por si mesmo". Trata-se de uma imagem que ilustra aquelas situações de duas pessoas que se gostam - como amigos ou amantes, tanto faz -, que de repente, por uma besteira qualquer, acabam se perdendo num desentendimento interminável que ninguém sabe como começou. A idéia de um cavalo que quanto mais se corre atrás mais longe foge, ilustra bem esses imbróglios onde quanto mais se tenta consertar mais a coisa fica confusa. Qual é então a postura sugerida? A de ficar quieto. Se os laços entre as duas pessoas de fato existem, se forem suficientemente fortes, não há necessidade de se correr atrás do cavalo porque ele volta sozinho para a cocheira. Isto é, a ordem se restabelece naturalmente, é questão só de deixar a poeira assentar. / Agora é uma frase sacanamente Taoísta, porque o texto adverte que "se o cavalo for seu"... Porque se o cavalo não for seu, também está resolvido - deixa ele ir embora e pronto.

OBS: Na postagem anterior eu mencionei uma frase atribuida ao rockeiro John Lennon:

"Amo a liberdade, por isso...Deixo as coisas que amo livres ... Se elas voltarem é porque as conquistei ... Se não voltarem é porque nunca as possuí" (John Lennon)

Provavelmente não foi "coincidência" que eu tenha lido essa frase poucos dias antes de ler essa entrevista de Ion. Voltemos aos trechos.

H) Mas é importante que se diga que sua utilidade prática não se restringe exclusivamente a China e a antiguidade, porque uma de suas façanhas mais recentes ocorreu no Ocidente, que foi (embora pouca gente saiba disso...) a de ser é o pai da Informática! Trata-se de um fato histórico, porque foi na virada do século XVII para o XVIII, que Leibniz - o famoso filósofo e matemático alemão




- ao contemplar a seqüência circular dos 64 símbolos do IC,

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e compreender a lógica da sua disposição, associou as linhas Yin e Yang a 0 e 1, e desenvolveu o cálculo binário, que é a linguagem dos computadores modernos. Não é à toa, portanto, que o IC tem exercido tanta atração sobre os programadores de softwares; haja visto a grande quantidade de programas e sites de Internet para se "jogar" IC.

I) Aliás esse King do Tao Te King é o mesmo do IC - I King.

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King é uma denominação que Confúcio atribuiu parece que para 13 grandes textos clássicos chineses, sendo o IC um deles e o Tao Te King outro. A designação King quer dizer "livro clássico". Na suas origens o nome do IC era Chou I, onde I quer dizer mutações e Chou o nome da era histórica chinesa onde ele se originou; portanto seu nome original era "Mutações da Era Chou". Só mais tarde, no período Confucionista, é que ele passou a se chamar IC - "Livro Clássico das Mutações", como Tao Te King quer dizer "Livro Clássico do Tao". Só esses grandes textos chineses têm esse nome.

Monday, October 24, 2005

Morre-se de Amor

1. Introdução

No dia 14 de outubro, às 9h20min, na Rádio - USP, Cidade Universitária, São Paulo, um jovem estudante de 21 anos de idade retirou a vida de outro jovem.

A matéria noticiada em

http://www.estadao.com.br/cidades/noticias/2005/out/14/31.htm

Diz:

"O estudante de jornalismo Rafael Azevedo Fortes Alves foi esfaqueado na manhã de hoje dentro da redação da Rádio USP, na Cidade Universitária, zona oeste de São Paulo.

O autor dos golpes foi o colega Fábio Le Senechal Nanni. Rafael foi levado para o Hospital Universitário ainda com vida mas não resistiu.

Segundo o diretor da rádio, Marcello Bittencourt, Fábio entrou na redação por volta das 9h20 e pedido para falar com o Rafael. Minutos depois eles começaram a discutir e Fábio esfaqueou o estudante.

Segundo o repórter da rádio CBN, Fábio Rubira, que testemunhou o crime, o agressor jogou a faca no chão e saiu correndo, mas foi detido pelos seguranças da USP.

Segundo Rubira, o criminoso teria dito que é homossexual e era apaixonado pela vítima, que seria heterossexual. O caso será registrado no 93º DP.
"

2. Proximidade e Realidade do crime.

Antes de viajar para Itapira, no sábado 22, eu estive com uma amiga minha, estudante de jornalismo, no bandeijão da universidade. Ela me disse que não muito antes do crime havia passado a tarde com o autor do assassinato. Minha colega conhecia a ambos: vítima e acusado. Disse que foi difícil de acreditar quando viu a notícia na Imprensa.

3. Homossexualidade

Perguntei a ela se Nanni seria homossexual, tal como veiculado pelos meios de comunicação. Ela disse que Nanni tinha "jeito de gay", mas que ela não saberia me dizer se ele realmente o era.

4. Perfil no Orkut

Na Internet, a página de perfil do Orkut de Fábio, se transformou num "scrachat" ("scrap" em que os usuários estão usando como "chat"). Os scraps anteriores a 14 de outubro são todos muito carinhosos e amistosos, todos eles estão longe de prenunciar o crime assustador que irromperia no dia 14 de outubro, data a partir da qual todas as mensagens (scraps) são quase na totalidade e quase tão horrorosas quanto o crime em si, a ponto de lembrar a famosa cena entre Jesus, a prostituta (adúltera) e a questão do apedrejamento.

O primeiro scrap que Fábio recebe é de 25 de junho de 2004, portanto mais de um ano antes de 14 de outubro desse ano.

Chama a atenção algumas declarações do perfil de Fabio, tais como "humor: misterioso" ou comunidades como "Solidão". Claro que esses traços por si mesmos não determinariam um assassino passional, assim como, aliás, os mapas astrológicos aqui analisados também não determinariam um assassino. Muitos nasceram no mesmo dia que o acusado e, certamente, a grande maioria deles não terão problemas com acusação de crimes passionais, pelo simples fato de que existem outras maneiras de se direcionar a peculiar "energia" que, veremos, está contida no mapa de nascimento de Fabio.
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5. Análise da qualidade do momento do Crime

O mapa do momento do crime é:

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A primeira coisa que salta aos olhos é o planeta Vênus, deusa do amor e da beleza, bastante próxima do Ascendente, Vênus acabava de nascer no horizonte leste, por volta das 9h20min daquele 14 de outubro. Embora eu mesmo esteja cético com relação a essa hipótese, esse posicionamento de Vênus parece sugerir a qualidade "de amor" do momento em que Fábio entra no prédio para encontrar a vítima.

A princípio eu achei estranho esse posicionamento de Vênus para o horário de um crime de assassinato ocorrer. "Vênus... o planeta do amor?"

A questão, no entanto, é que essa Vênus que se eleva no horizonte encontra-se aflita, recebendo uma quadratura da Lua, planeta responsável pela qualidade emocional do dia; a Lua, por sua vez, estava no romântico, oscilante e emocionalmente instável signo de Peixes. Quando se diz que alguém é "de Lua" se diz que a pessoa está sujeita oscilações, em geral, incompreensíveis ou imprevisíveis.

6. A qualidade da Lua aflitiva

Para complicar o quadro, o planeta Urano, conhecido pelos atos rebeldes, abruptos e repentinos estava em conjunção com aquela Lua super-emotiva, ajudando, portanto, a aumentar a carga de aflição sobre o planeta Vênus.

7. Qualidades "turvas" adicionais (Netuno)

A posição de Netuno (romantismo, fantasia, desilusão, mente confusa) dentro da casa 3 (diálogo, verbalização) e em quadratura com Mercúrio (discernimento intelectual); poderia indicar um excelente momento para se inspirar para um poema, ou escrever a página de um Romance, quando a mente estaria cheia de idéias férteis. Mas provavelmente seria um momento infeliz para, por exemplo, fechar um negócio ou procurar uma conversa que buscasse "esclarecer" algo com ponderação.

8. Possíveis "aberturas" na Interpretação do Mapa do crime.

Até aqui, esse mapa poderia ser, por exemplo, o mapa de uma ansiosa declaração de amor feita por alguém. Imaginemos que esse fosse o mapa do momento em que um rapaz tímido e jovem finalmente decidiu se declarar para uma moça. A conturbada posição de Vênus poderia indicar esse momento em que o rapaz conseguiu superar essa sua timidez e declarar-se. E aquele Netuno, por sua vez, poderia dar ao rapaz toda a energia romântica que ele colocaria em suas palavras.

O mapa por si mesmo, não pareceria indicar claramente se a declaração do rapaz seria bem ou mal sucedida. Isso, aliás, provavelmente dependeria muito mais da moça do que desse mapa astrológico. (embora outro mapas pudessem ser utilizados como suporte de análise para esse julgamento).

9. Ressalvas e Especulaçoes quanto a Local e Objeto.

Na verdade, a quadratura de Saturno a Mercúrio sugere alguma rigidez no diálogo, alguma gagueira ou quebra de espontaneidade, por exemplo. A quadratura de Marte a Netuno na casa 3, também sugere alguma luta verbal proeminente.

A casa 6 (de onde parte a quadratura de Marte), aliás, é tradicionalmente associada, na Astrologia, ao ambiente de trabalho (aqui, coincide com o local do crime) e Marte não apenas a lutas e brigas, mas também a sangramentos e objetos cortantes.

De qualquer modo, a natureza afetiva e amorosa pode sim ter sido o grande motivo do encontro daqueles estudantes. Pelo menos o mapa astrológico do encontro é coerente com esse ponto de vista.

10. Primeira Conclusão

Assim, é provável que a forma adequada de se interpretar aquela Vênus em Ascensão no horizonte leste (extrema esquerda do mapa) seria aceitar a hipótese de crime passional que veiculou na mídia. Essa conclusão, no entanto, parte do pressuposto de que o crime de fato ocorreu. Com isso, quero dizer que o mapa em si não nos permitiria inferir se houve ou não assassinato, mas sabendo que houve o assassinato naquele momento levantado pelo horóscopo da figura acima, o teor do momento astrológico do assassinato coloca ênfase numa questão afetiva aflitiva (Vênus em ascensão e recebendo aspectos tensos).

11. Um ponto excedente: A questão dos amigos

Numa matéria do último segundo, http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/brasil/2145501-2146000/2145644/2145644_1.xml , lê-se o trecho:

De acordo com a rádio CBN, Fabio confessou o crime e disse que tinha cometido o crime por vingança, pois a vítima tinha "roubado uns amigos dele".

Achei a declaração do "roubo dos amigos" um tanto misteriosa, o que poderia haver de relação entre roubo de amigos e a hipótese de crime passional? O mapa do momento do crime trazia o Sol na casa 11 (dos amigos), mas não vejo como isso poderia nos ajudar a elucidar a questão. No entanto, eu pretendo retomar esse ponto no momento a seguir, quando eu analisarei a carta astrológica do próprio nascimento do acusado.
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12. O Mapa do Acusado.

De acordo com os dados do perfil do Orkut de Fabio Le Senechal Nanni, ele faz aniversário em 29 de dezembro e possui 21 anos de idade. Assim, sua data de nascimento seria:

29 de dezembro de 1983.

O que nos gera o seguinte gráfico:

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Nesse mapa chama a atenção:

1) A Vênus isolada de aspectos.
2) A conjunção Saturno-Lua.
3) A ausência de aspectos tensos no mapa
4) A concentração de planetas num único setor.
5) A conjunção Marte - Plutão.

Comentarei esses itens numa próxima postagem.
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Link para scrap de Fábio, em 14 de outubro:

http://www.orkut.com/ScrapBook.aspx?uid=2584209426649755782&na=3&nid=2584209426649755782-1018205197-3409880764105747950

Uma das frases deixadas por alguém nesse scrap:

"Amo a liberdade, por isso...Deixo as coisas que amo livres ... Se elas voltarem é porque as conquistei ... Se não voltarem é porque nunca as possuí" (John Lennon)

Itapira: 185 anos.

Estive na cidade de Itapira, no interior de São Paulo, ontem 23 de outubro de 2005, quando estive com atores do grupo de teatro Pirandello. O grupo Pirandello é assunto a parte. Por enquanto eu gostaria de comentar outro fato que me chamou a atenção: os jornais locais anunciando nas bancas os 185 anos da cidade.

Mas aliás, fiquei pensando a respeito da possibilidade do significado “mágico” da “coincidência” da apresentação da peça “Skataplun” (sobre justamente um livro de... “magias”) do grupo coincidir com a exatidão de uma Lua minguante que embelezou o céu da cidade na noite em que eu estive por lá. Eu diria que foi uma das Luas minguantes mais belas que já vi.

Informaram-me por lá que o aniversário da cidade seria hoje, 24 de outubro. Como 2005 – 185 = 1820. Assim, o “nascimento” da cidade seria:

24 de outubro de 1820. Itapira – SP.

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Segundo a página virtual da prefeitura dessa pequena cidade, a população local é de 63 mil habitantes, ou seja, aproximadamente o mesmo número de pessoas que é o número de estudantes da universidade em que estudo e de onde escrevo agora. 60 mil pessoas é também o suficiente para preencher metade da capacidade do maior estádio de futebol do Brasil.

Infelizmente muitas pessoas cometem a ignorância de subestimar uma cidade pelo fato dela ser considerada “pequena”, quando são justamente as cidades pequenas que muitas vezes dão os exemplos do poder e da força culturais.

Mas vamos aos dados históricos fornecidos pela página da prefeitura, do qual lemos:

Embora desde o século 18 já existissem moradores no bairro dos Macucos (futura Itapira), somente a partir do primeiro quarto de 1800 é que teve inicio a colonização efetiva da cidade. Joao Gonçalves de Moraes, doou parte de suas terras para que fosse formado um povoado. No dia 24 de outubro de 1820, João Moraes e Manoel Pereira, acompanhados de outras pessoas, iniciaram a derrubada da mata no lugar escolhido para ser construída uma igreja. Onde deveria ser colocada a imagem de Nossa Senhora da Penha. Pelo significado do acontecimento, aquela data passou a ser tida como a data de fundação da cidade. No dia 19 de março de 1821, o padre Antonio de Araújo Ferraz, veio a cavalo para rezar a primeira missa em terras de Itapira. Em 08 de fevereiro de 1847, era elevada a categoria de vila, com o nome de Villa de Nossa Senhora da Penha. Em 1858, tornou-se município. E a 20 de setembro do mesmo ano, foi instalada a câmara municipal. Em 20 de abril de 1871, o nome foi mudado para Penha do Rio do Peixe. No dia 08 de fevereiro de 1890, por votação foi escolhido o nome de Itapira. Mas a cidade só veio a adotar esse nome no mês de abril do mesmo.”

OBS: "Itapira" em tupi, significa "Peixe de Pedra" (Ita = pedra, como em Itajubá, Itapetininga, Itatiaia, etc.).

O texto sugere outras possibilidades para tomarmos o mapa astrológico da cidade, mas eu não poderia estender essa discussão aqui. É sempre bastante complicado estabelecer um mapa astrológico de uma comunidade ou nação. Pela minha experiência, aquela data em que se comemora o aniversário, costuma ser uma data correta, embora nunca exclua a possibilidade do estudo de outras datas.

O mais complicado sempre é a escolha da hora do “nascimento” da cidade, que quase nunca é facilmente consensual entre astrólogos. Infelizmente, no caso de Itapira eu não possuo nenhuma informação a respeito de um possível horário.

O fato da cidade ter-se como marco com o Sol em Escorpião pode indicar a importância da estratégia de negócios para a cidade, bem como um talento para o espírito investigativo, inclusive pela presença de Marte e Mercúrio no signo. A sensualidade da população (das mulheres, em especial) também foi algo que não me passou desapercebido. Na noite em que cheguei eu fiquei bastante perdido na cidade e fui parar numa casa de forró, onde pude observar bastante do comportamento da população. O talento místico de Escorpião (no sentido amplo do termo) poderia ser outro traço da cidade cuja própria fundação se deu pela construção de uma Igreja e pelo estabelecimento de uma imagem de Nossa Senhora.

De um ponto de vista mais incisivo, podemos citar o famoso talento de Escorpião para a crueldade e para as intrigas e disputa pelo poder, seja o poder oficial, seja um poder informal pelo qual a população poderia ardentemente ansiar. Assim, disputas e jogos pelo poder, em seus vários níveis e espécies, podem ser temas importantes para a população e a cidade. Isso me deixa inclusive curioso para saber qual foi resultado do referendo do desarmamento em Itapira, em particular. Escorpião pode ter uma certa ânsia pela execução do domínio e do controle e pela demonstração da força.

A questão da Liberdade, da expressão e do significado e dos limites do Pudor das mulheres de Itapira parece estar dramatizado na quadratura em T entre Júpiter-Vênus e Lua, que também pode se traduzir num certo nervosismo e ansiedade dessas mulheres, que poderiam desejar expressão e liberdade, a questão da saúde e da alimentação parece também se exprimir nessa quadratura.

Em suma, a questão da relação da cidade com o Feminino e com o Poder, parece estar em destaque naquele mapa.

Nesse aniversário de Itapira, o próximo ano tem tudo para ser um ano de expansão, otimismo e aprendizado, já que Júpiter fez conjunção ao Sol desse ciclo de revolução anual-solar para 2005/2006. Assim, é possível que surjam exigências visando melhorias na cidade, tal como é típico de Júpiter.

Enquanto que no ano anterior, por exemplo, eu não sei o que pode ter acontecido ou como pode ter-se passado tal ano, mas a agitação das questões do feminino e nervosismo das mulheres em Itapira parece ter recebido certa ênfase (Vênus em trânsito pela Lilith e Nodos no aniversário de 2004, bem como quadratura de Lua à Lua natal no aniversário de 2004, transitando sobre Júpiter). Bem, como assuntos relativos a questões de construção e segurança (Júpiter opondo-se a Saturno, em 2004).

Thursday, September 22, 2005

A Cassação de Roberto Jefferson

Sobre Interpretação

A interpretação de um mapa astrológico nunca pode ser descontextualizada da história e do ambiente do sujeito a que se refere o mapa. Desse ponto de vista, não é difícil entender o porque das previsões astrológicas serem muito difíceis. Quanto mais preciso tenta ser um astrólogo, mais ele se arrisca. Para fazer previsões certeiras bem feitas, ou o astrólogo precisa conhecer muito bem o ambiente do sujeito (no caso, a Política partidária em Brasília) ou precisa ser, de fato, um vidente, que, normalmente, os astrólogos não são.

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Imagem Clássica de Michel de Notredame (o Nostradamus)

Nostradamus, por exemplo, provavelmente era vidente; a esse respeito, eu recomendo a biografia que Liz Greene escreveu sobre ele.

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Liz Greene; Fonte:
http://www.astrology.co.uk/


Falar em Liz Greene, em 1980, ela própria previu (e acertou), utilizando técnicas astrológicas curiosas, a queda do socialismo soviético, que ocorreu com a separação das repúblicas socialistas no início dos anos 90.
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Fonte da Imagem:
http://www.conhecimentosgerais.com.br/historia-geral/fim-da-urss.html

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Na época em que ela fez a previsão, ela ainda foi humilde dizendo: "A Astrologia Mundial não é a minha especialidade, mas..."

Duas vidas, dois Júpiteres...

No dia 23 de julho desse ano (veja no final da postagem "Roberto Jefferson e a Ópera do Malandro", nesse blog), embora eu também não seja conhecedor de Política, resolvi tatear algum evento importante na vida de Roberto Jefferson. Se eu conhecesse os meandros e as possibilidades políticas e se tivesse mais tempo para estudar os trânsitos, revoluções e progressões do mapa de Jefferson, talvez eu teria arriscado em sua cassação, ou ao menos ter sido menos vago.

Com aqueles trânsitos de Roberto Jefferson pela casa 7, eu ainda poderia arriscar eventos sérios ocorrendo em sua vida conjugal, mas a casa 7 também diz respeito à associações e parcerias de negócios; que nesse caso, deve ser vista não como num contexto empresarial, mas como a vida política de Jefferson. Nesse momento é útilíssimo lembrar que, ao longo dos séculos, a tradição astrológica sempre associou à casa 7 a imagem dos "inimigos declarados", que certamente são muito comuns na política.

O trecho em que me referi a "melhorar relacionamentos e associações" está associado à cassação, por que Júpiter também se liga à idéia de Justiça (cassação) e exige do nativo uma melhor compreensão e o repensar (conjunção Júpiter - Saturno) em suas parcerias e posturas políticas.

Esse é um curioso processo pelo qual a Astrologia generaliza conceitos. Assim, a casa 7 pode ser vista com um sentido mais geral de "consciencia do outro"; e não apenas o do casamento. Deixe-me exemplificar. Recentemente fiz o mapa de uma jovem que se separou de seu namorado. Ela está passando por um trânsito de Júpiter pelo Plutão natal em sua casa 7. No caso de Jefferson, esse trânsito ocorreu durante sua ruptura com seus vínculos políticos; mas no caso daquela jovem, um semelhante trânsito de Júpiter ocorreu durante a ruptura de seu namoro. Ela reclamava que o namorado não lhe dava a devida atenção e que ele não se portava de forma digna a tê-la como companheira. Curioso é que, apesar da fama de "sorte" associado a Júpiter, o rompimento foi doloroso para ela. Mas o fato é que Júpiter parece que não estava satisfeito com aquele relacionamento e queria algo melhor para "sua filha". Os modernos astrólogos dizem que a tradição atribui o título de "Grande Benéfico" a Júpiter, mas aqui o otimismo jupiteriano se dá apenas nesse sentido: o de que a jovem pode buscar um relacionamento melhor para si.

No caso de Jefferson, o semelhante trânsito de Júpiter pela casa 7, coincidiu também com um momento delicado para ele (conforme eu escrevi em julho, que deveria ocorrer agora, em setembro), hoje sabemos que essa "reação adversária" foi justamente a sua cassação. A conotação geral de Júpiter é a mesma: a necessidade do indivíduo melhorar (otimismo jupteriano) a qualidade de suas associações (casa 7) fossem elas afetivas, fossem elas políticas.

Devemos notar que nem a cassação e nem o fim do namoro eram obrigatórios, mas é provável que a vida nem de Jefferson e nem da jovem, tenha encontrado outra forma de se expressar. Mas esse exemplo torna claro que para pessoas diferentes, a mesma "estrela" possui conotações específicas diferentes, ainda que de mesmo sentido geral. Como eu havia dito, o mapa astrológico nunca poderá ser interpretado de forma descontextualizada da vida do indivíduo. Isto significa que, sem nenhuma informação adicional, o astrólogo nada poderá inferir de específico da vida do sujeito.

Retomando a Previsão: Comparação com a cassação.

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"Um dia da cassa, outro do cassador".

Já que a equipe de astrólogos da Constelar, associou a imagem de Jefferson ao de uma raposa, então a epígrafe acima se aplica.

Reproduzirei aqui o trecho mais relevante do que escrevi em julho nesse blog:

"Há também um interessante trânsito de Júpiter pela sétima casa de Jefferson, a casa dos inimigos declarados, das parcerias e associações. Sempre que Júpiter transita por essa casa, pode ocorrer uma necessidade do nativo de melhorar seus relacionamentos e associações. Esse mesmo Júpiter (que traz também a conotação de expansão e confiança) está fazendo quadratura ao Mercúrio (verbo, comunicação) de Jefferson.

Estou curioso para saber então o que ocorrerá com Jefferson por volta dos findos de agosto e ao longo de setembro
[hoje sabemos: a cassação], quando seu mapa estará bastante ativado pelos trânsitos de Júpiter sobre Saturno e Netuno, ainda na sétima casa. Talvez Jefferson receba alguma reação adversária".[a cassação se deu exatamente em setembro].

Sunday, August 28, 2005

E2: Liberação dos comentários.

Mais alterações no blog.

Aos poucos eu estou aprendendo a mexer nessa engenhoca. Agora eu finalment descobri o que deveria fazer para liberar o comentário dos usuários nesse blog. Então, agora todos poderão postar seus comentários. E aos que o fizer, agradeço desde já a preciosa contribuição para este sítio.

Gostaria de agradecer a todos que comentaram através do meu Orkut e email, bem como àqueles que se inscreveram no blogger só para comentar aqui.

Monday, August 15, 2005

Inquisidores da "Igreja do Progresso".

Gostaria de comentar um artigo, publicado por Hélio Schwartsman, editorialista da Folha, na Folha On Line, em 11 de agosto de 2005, disponível no seguinte link:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u206.shtml

Logo no primeiro parágrafo, o autor deixa clara a equação de "tristeza para a universidade brasileira" e "Tratamento tolerante à Astrologia". Sem dúvida o autor estaria mais feliz se os cientistas da UnB simplesmente repetissem o velho evangelho contra os astrólogos. Nesse primeiro parágrafo, ele diz:

"Ao contrário do que se poderia esperar de um evento patrocinado por pessoas comprometidos com o ceticismo que deve caracterizar a investigação científica, a programação do encontro não traz nada que sugira uma abordagem crítica"

Schwartsman deduz a ausência de "crítica" por parte dos participantes do evento, a partir dos títulos de algumas palestras. Os títulos sugerem que os palestrantes dirão a favor à Astrologia. Sem dúvida, Schwartsman parte do pressuposto (tido como óbvio e natural para ele) de que a Astrologia é um absurdo, logo a postura dos participantes só pode ser acrítica. A nós, cabe-nos a pergunta: quem afinal está julgando precipitadamente: os participantes do encontro de astrólogos que estão ali para simplesmente discutir entre colegas e com outros cientistas, ou o editorialista que alega a ilegitimidade do encontro, com base num "bom senso"?

Sem dúvida também deve haver os precipitados dentre os astrólogos, é claro; ou melhor as precipitações, afinal qualquer um de nós deve se precipitar vez ou outra, não apenas o Sr. Schwartsman. Aliás, ele próprio provavelmente concordaria comigo se eu dissesse que a prática científica, ou, antes, a prática racional deve evitar tais "pressas". A precipitação, a nosso entender, seria justamente a ação ou o julgamento sem as reflexões suficientes ou necessárias, ou executadas sem as devidas evidências ou, ainda, tomada sem a devida crítica das próprias limitações do método ou do processo que se seguiu.

Negar as possibilidades da Astrologia dentro do espírito daqueles que costumam se entitular de "céticos" significa a falta de vislumbre dessas possibilidades dentro do domínio estrito dos paradigmas físicos, químicos e biológicos. Ou seja, negar as possibilidades da Astrologia, em carácter definitivo, significa afirmar que o atual paradigma científico dominante é infalível. Esta afirmação, no entanto, seria um contradito ao próprio princípio da ciência de que deveria sempre permitir-se questionar as próprias verdades por ela estabelecida, pelo menos quando estes questionamentos se apresentassem dentro do mesmo rigor e das regras daquelas verdades que antes se estabeleceram.

Na prática, sabemos que a ciência não funciona assim; da mesma forma que sabemos que a democracia, na prática não é democracia. Prova viva disso, é a própria resistência irracional da Academia a temas "tabus" como a Astrologia. A linha que separa o necessário rigor da ciência de seu conservadorismo contraditório parece ser muitas vezes bastante tênue e nebuloso. Creio que se a comunidade científica acadêmica aprender a afastar essa neblina, isso seria suficiente para por a universidade numa crise profunda, mas com chances bastante frutíferas.

Ora, como eu não participei do encontro de astrólogos da UnB, eu não tenho como saber o que houve e o que não houve no evento que esteve ou não dentro desse espírito verdadeiramente ("verdadeiro", pelo menos do nosso ponto de vista) científico que mencionei. Da mesma forma que um operário na presidência da república não garante a redenção do povo brasileiro, também a presença da Astrologia na universidade, não significa que já tenhamos maturidade para aborda-la com os olhares científicos. Talvez alguns indivíduos já possuam alguma parte dessa maturidade, mas talvez muitos outros não.

Não estou a par de detalhes das propostas do encontro. Sei que a UnB realizou pesquisas coordenadas pelos seus docentes e, portanto, provavelmente dentro da seriedade necessária. De todo modo, o editorialista parece preocupar-se com a simples presença da Astrologia enquanto ciência, ou objeto de ciência, dentro da universidade. No artigo, ele expressa uma preocupação quanto a uma espécie de manutenção de ordem na universidade:

Não estou, com minhas reprimendas à UnB, me insurgindo contra o princípio da liberdade acadêmica, que reputo fundamental para a pesquisa científica. Mas mesmo este precisa ser utilizado com algum bom senso, ou entramos no reino do vale-tudo

Talvez a analogia entre ciência e democracia que apresentei aqui tenha soado algo artificial. Aqui, no entanto, não é o momento de explorar essa analogia até a exaustão. Mas devo mencionar que não sou o primeiro a faze-lo. N´O Mundo Assombrado pelos Demônios de Carl Sagan, por exemplo, há um capítulo abordando o tema. E devo mencionar também a tal liberdade de pesquisa, citada acima pelo próprio Sr. Schwartsman. E agora, ironicamente, nota-se como o segundo período da tal citação é uma contradição do primeiro. Ao que parece, de fato, a única diferença entre "liberdade" e "vale-tudo" é uma certa retórica na expressão, sendo que no segundo caso, há uma certa intenção pejorativa. Afinal de contas, se as regras e os métodos da ciência já estão dados, então por quê quando um grupo de indivíduos decide pesquisar algo, eles estão exercendo "liberdade", enquanto o outro grupo (digamos, os astrólogos...) está simplesmente num "vale-tudo", se eles estão seguindo as mesmas regras e métodos que os demais da Academia?

Começamos assim, então, a clarear o fato de que a relação entre ciência e democracia ultrapassa o simples emparelhamento da analogia. Podemos extender a relação entre democracia e ciência para algo mais íntimo: a continência; isto é, a imersão da ciência numa noção mais ampla, no caso a de democracia. Ora, sabemos que a democracia é o lugar do conflito, não da ordem; o que casa perfeitamente com os ideais da ciência. E não apenas nos ideais, mas até mesmo a prática. Apesar da ciência ser um método muito bonito quando proposto no papel (assim como a democracia), a prática costuma ser mais difícil. A universidade, por exemplo, é uma instituição social e, reproduzirá, portanto, os mesmos dramas de poder (políticos, portanto) do restante da sociedade; e a ciência que é feita nessa universidade é uma expressão cultural desses mesmos indivíduos, sujeita aos mesmos dramas e disputas. Seria, portanto, hipocrisia insistir na afirmação de que a racionalidade pura e límpida é a única variável em jogo no processo de construção da Ciência, bem como na definição daquilo que é ou não é permitido estar sob pesquisa dentro da universidade.

"Este é um momento triste para a universidade brasileira. É que, de amanhã até domingo, a Universidade de Brasília (UnB), uma das principais instituições do país, promove, através de seu Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais (Nefp), o I Encontro Nacional de Astrologia do Brasil".

A idéia da universidade imersa na sociedade, ou da sociedade contendo a universidade, torna-se perceptível também quando muitas pessoas simplesmente repetem críticas caricatas à Astrologia de forma mecânica e irresponsável, num processo quase que de fabricação de um "tabu". Creio que é daí que surge aquele pressuposto do autor e, por isso, ele parece ser tão natural para aqueles que nunca questionaram essas origens. Isto sim, eu chamaria de uma postura acrítica.

Quando um pressuposto é assumido depois de investigação e observação, esse pressuposto é, na ciência, chamado de "postulado" ou de "princípio". Mas quando um pressuposto é assumido de forma irracional, trata-se de um preconceito, de fé ou tabu. Assim, a postura de Schwartsman em seu texto é simplesmente o contrasenso daquilo que ele pretende ser.

Do ponto de vista do autor daquela coluna, o problema da Astrologia encontra-se cientificamente resolvido. Na verdade, porém, devemos aqui dizer que o texto em questão desmerece sequer a possibilidade da Astrologia se impor como problema científico.

A meu ver, um dos maiores méritos de Carl Sagan, foi recusar-se a particicipar de um abaixo-assinado contra a Astrologia do qual constava dezenas de outros cientistas, inclusive vários vencedores do prêmio Nobel. Sagan disse ter-se negado por considerar o conteúdo da carta "autoritário" e disse: "O fato de não conseguir se imaginar algum mecanismo" pelo qual a Astrologia poderia funcionar, não significaria que ela não existe. O próprio Shwartsman admite a certa altura:

"Embora nem eu nem ninguém possamos descartar a existência de uma energia sutil oriunda dos astros que seja capaz de influenciar o psiquismo e o destino dos seres humanos..."

Na verdade, pode ser que até mesmo a possibilidade de uma energia sutil e desconhecida não seja o caso da Astrologia. A suposição levantada por Shwartsman é muito comum, mesmo entre os mais leigos, talvez por que a Física mais fundamental hoje conhecida sempre se baseia na noção de forças e energias como conceitos, mas a verdade é que não se deve descartar a possibilidade da Astrologia extrapolar até mesmo esses paradigmas mais abrangentes aceitos pela nossa Física. E, para ser bem franco, pessoalmente, eu diria (apenas para partilhar algum palpite com o leitor) que se a Astrologia de fato existir, como muitas vezes me parece, então ela provavelmente não apenas abarca esses paradigmas, mas ao mesmo tempo também os extrapola. Sagan utilizou a expressão "mecanismo desconhecido", creio que esse paradigma também não é suficiente.

Mas o autor da coluna continua assim, sua sentença:

"(...), é preciso ter perdido todo o espírito crítico para aceitar os pressupostos da astrologia".

Nota-se que Schwartsman confunde certos julgamentos aqui, não por incapacidade intelectual evidentemente, coisa que certamente não lhe falta; mas uma coisa é aceitar que a inexistência de mecanismos conhecidos para a Astrologia não signifique sua exclusão como possibilidade de verdade, outra coisa, bem diferente, seria estar desprovido de senso crítico por reconhecer isso; ou ainda dizer que reconhecer isso, significa aceitar os pressupostos da Astrologia. Carl Sagan, como já pude exemplificar aqui, assumiu em seus livros que não acreditava na Astrologia, mas tinha tato para reconhecer que a ausência de um mecanismo conhecido era insuficiente para descartar completamente suas possibilidades. A passagem a seguir, mostra como o editorialista, no entanto, continua insistindo na armadilha do "mecanismo" (embora por simples retórica) e a utiliza como argumento (falso) contra a Astrologia:

"Aliás, qual é, no processo de nascer, o momento astrologicamente relevante? É quando o bebê atravessa o canal vaginal? Se sim, qual parte do bebê? A cabeça, as pernas? E se o parto for cesáreo?"

São perguntas que eu, como semi-profissional (e pesquisador amador) de Astrologia, também gostaria de saber as respostas. Se é que essas perguntas de fato fazem algum sentido. A História do Pensamento parece sugerir que as respostas corretas são tão caprichosas, que elas só aparecem diante das perguntas corretas. Geralmente as pessoas costumam achar inteligente aquelas pessoas que dão as respostas. Mas na verdade, o perguntar corretamente é algo tão difícil quanto responder corretamente. Isso provavelmente acontece, por que é a pergunta que nos lança em que direção iremos buscar as respostas e dentro de quais paradigmas. Uma analogia tosca, mas que me ocorreu agora e achei engraçado: quem já tentou buscar algo no Yahoo ou Google sabe que a "pergunta" deve ser "bem formulada". Certa vez, um físico disse que Einstein nao foi genial por ter feito as grandes descobertas, mas sim por que ele soube fazer as perguntas certas, nos problemas certos, o que acabou por levar-lhe às suas grandes respostas.

Quanto ao nosso caso, enfim, sei que para a atual prática astrológica, aquelas perguntas não fazem muito sentido. Do ponto de vista teórico, a última pergunta posta pelo editorialista da Folha é a mais interessante, as outras perguntas são tão irrelevantes quanto discutir qual o momento, se toma como mais adequado, para se considerar quando um ônibus saindo de São Paulo chega a Curitiba: quando ele passa com pára-choque na entrada da cidade? Ou quando passa a ponta do nariz do motorista? São preocupações irrelevantes para medir o tempo gasto numa viagem, por exemplo.

Fica, no entanto, claro que questionar os fundamentos da Astrologia daquela maneira era apenas um recurso de retórica, que visava convencer o leitor do exotismo científico da Astrologia, poderíamos citar aqui no entanto que, "se a realidade fosse óbvia a ciência seria desnecessária". No entanto, o editorialista, bem ou mal, reconhece a insuficiência de seus argumentos no trecho:

E, já que entramos no terreno da lógica, é justamente devido a uma armadilha lógica que a "cientificidade" da astrologia prospera. É simplesmente impossível demonstrar cabalmente a inexistência do que quer que seja.

Bem, nota-se que a concessão feita pelo autor foi, na verdade, muito pequena. Especialmente no sarcasmo no trecho anterior:

amanhã alguém poderá propor --e conseguir-- que a UnB financie uma expedição científica ao pólo Norte em busca de Papai Noel. Em termos rigorosos ninguém até hoje demonstrou que o bom velhinho não existe.

A analogia Astrologia - Papai Noel sem dúvida satisfaz aqueles que o autor chama de "céticos". Embora seja verdade que não haja provas rigorosas que Papai Noel não exista, devemos lembrar que também não existem provas absolutas de que o leitor que agora está lendo estas linhas também exista ou não. E, mais uma vez, o Sr. Schwartsman está confundindo julgamentos. Não é a falta de provas de que a Astrologia seja inexistente que torna justificável o interesse nela como objeto de estudo e discussão (inclusive discussão científica), mas sim a existência de pessoas sérias interessadas no assunto, no passado e no presente.

Schwartsman recorre ao tradicional argumento dos gêmeos. Ele cita seus próprios filhos gêmeos, de três anos e meio. Ele menciona que eles têm personalidades muito diferentes, embora tenham o mesmo mapa astrológico. Segundo Schwartsman isso seria suficiente para invalidar a Astrologia. Sagan também gosta bastante desse argumento, como aliás, qualquer um desses ditos "céticos", quando resolvem escrever sobre o assunto. Mas puxa... Será que os astrólogos de todos os tempos nunca pensaram nesse argumento? Os astrólogos devem ser muito distraídos, não é mesmo? Que pena que eles não são espertos como os céticos...

Bem, não sou especilista em Genética. Mas sei que se afirma que os genes influencia mais do que a aparência física: o temperamento, por exemplo. Por incompetência, não posso discorrer mais nada sobre Genética, mas talvez eu consigo dizer o que preciso. Mesmo de minhas levianas leituras, fica-me claro que a influência dos genes na determinação de comportamentos ou inteligência são muito mais incertos para os cientistas do que digamos, a propensão para se contrair um câncer, ou um traço físico.

Ora, muitos dos gêmeos são também clones um do outro. Algumas vezes, no imaginário popular, um clone é uma cópia perfeita de alguém. Muitas vezes dizem: "Puxa, se clonarmos o Roberto, teremos vários Robertos." Ora, tolice, se clonarmos o Roberto, teremos alguém fisicamente parecido, mas será outra pessoa totalmente diferente. Irmãos gêmeos univitelinos são exemplos claros disso.

Nesse caso é fácil perceber que a culpa do erro é do imaginário popular, não da Genética. E as pessoas facilmente aceitam que de alguma forma a Genética poderia explicar as divergências. Se ela não tiver a explicação, no futuro provavelmente irá obtê-las.

O imaginário popular também afirma, muitas vezes, que pessoas nascidas em datas horas e locais parecidos também deveriam ser, de alguma forma, idênticas... Fosse no temperamento, fosse no destino. Dessa vez, no entanto, pelo fato da Astrologia não possuir a mesma autoridade social da Genética, a culpa facilmente recai sobre a própria Astrologia. Isso acontece por que a Genética é considerada uma autoridade científica inquestionável, enquanto a Astrologia é vista como um "saber das estrelas" que algumas pessoas "alegariam saber acessar" por alguma razão, ou ter decorado alguma meia dúzia de regrinhas em alguma revista boba e talvez somado a isso alguma intuição que talvez tenha aprendido a sentir.

É claro, que qualquer astrólogo experiente, de qualquer século da História, saberia que irmãos gêmeos não têm destinos iguais e nem temperamentos. Mas poucos se lembram de pensar nessa possibilidade.

Enfim, o fato é que pessoas "céticas" prefere qualquer pequena explicação racional barata a todo o ar de mistério e fantasia que circula a Astrologia e que, infelizmente, também muitas vezes é banalizada. De qualquer modo, a não coincidência de destinos e temperamentos entre irmãos gêmeos mostra que a relação entre os genes e o temperamento e o destino (contrair câncer ou morrer cedo, por exemplo), se existir, certamente não seria óbvia. Oras bolas, o mesmo então se diria a respeito do momento constelado no céu e sua relação com o temperamento e o destino do indivíduo.

Tornou-se lugar comum a afirmação de que "A Astrologia é bobagem", por mera repetição mecânica e automatizada nos círculos, digamos assim, "pseudointelectualizados". Algumas pessoas quando quer sinalizar que é inteligente e que está acima de certos patamares, encontra na ridicularização à Astrologia um bode expiatório fácil e estabelecido, os argumentos já estão todos prontos basta repeti-los. E é impressionante: são sempre os mesmos.

Eu costumo dizer que quando as pessoas repetem todas as mesmas coisas, isso é um forte indício de que elas já pararam de pensar no que estão dizendo. No fundo, essa repetição também pode ser quotidiana e todos o fazemos, muitas vezes agiliza certos diálogos de rotina, por exemplo. Mas muitas vezes essas repetições acaba por trabalhar a favor de preconceitos, perseguições e estabelecimento de idéias viciadas, ideologias, etc.

Não que todos os críticos à Astrologia fique nesse nível leviano, alguns vão mais além. Mas o limite raramente ultrapassa o paradigma cientificista, geralmente o paradigma cientificista é algo inquestionável para eles.

É sim verdade que existem muitas pessoas sem nenhum preparo científico envolvidas com a Astrologia, inclusive profissionalmente. Isso de qualquer forma é um direito que elas têm. Um pintor não precisa ser graduado ou técnico em Química para misturar as suas tintas. Com isso, eu quero dizer que a abordagem científica está longe de ser a única possível para a Astrologia. Muitas culturas que não fazem idéia do que seja ciência (tal como a entendemos), possuíam ou possuem alguma forma de Astrologia.

Essa distinção é importante. Já li muitos autores astrólogos que estão preocupados em rotular a Astrologia como "ciência". Alguns desses autores fazem um trabalho interessante nesse sentido (embora bastante discutível, sob vários aspectos), outros não (a maioria). Primeiro deve-se deixar claro que "ciência" e "verdade" não são sinônimos. A ciência ocidental, sem dúvida, é um dos nossos maiores legados culturais, mesmo com todas as suas deficiências enquanto instituição humana (a perversa exclusão social de seus benefícios, por exemplo). Mas é fato que se criou aquele mito do "cientificamente comprovado", que acaba por fazer muitas pessoas confundirem ciência com verdade.

Não são todos os astrólogos que pretendem que a Astrologia seja tratada por ciência, como Shwartsman dá a entender em sua coluna, como também reproduz o vício de que essa seria a única possibilidade. Pessoalmente, muito me agrada que existam pessoas interessadas em abordar a Astrologia cientificamente, e creio mesmo que isso é da maior importância. Mas creio que restringir a Astrologia a somente isso, seria empobrece-la demais. É maravilhoso e belo utilizar as teorias de Newton para compreender a órbita da Lua e a dispersão do Arco-Íris, mas seria um crime proibir os poetas, religiosos e astrólogos de expressar as profundezas humanas com seus lirismos e simbolismos e muitos se esquecem de que ambas as formas, e não apenas uma delas, são produtos da mente e do coração humanos.

Saturday, July 30, 2005

H2: O Mapa de Marcos Valério

A Constelar também divulgou os dados de Marcos Valério, através do astrólogo Antônio Carlos Harres, que seriam:

29 de janeiro de 1961, Curvelo - MG; 2h45min

O Astrodienst, www.astro.com, gera o seguinte gráfico:

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Salta aos olhos a ênfase que o mapa traz sobre a casa 2, a casa das finanças, dos bens materias, das posses e do dinheiro. O Sol, o centro da personalidade, encontra-se nessa casa, mostrando que a identidade do nativo associa-se a um lado bastante material da vida, não necessariamente teria de ser o dinheiro, mas com o Sol na casa 2, seria difícil o nativo não ser sensível, de uma forma ou de outra aos aspectos práticos e concretos da vida.

Além do Sol, também uma conjunção Júpiter - Saturno também está afetando a casa 2 (dinheiro, posses) e estes são os regentes do Ascendente e da Casa 1, exercendo portanto um papel crucial no mapa. A questão do dinheiro e das posses, portanto, é o tema dominante do mapa astrológico de Marcos Valério.

Alguns outros indícios que reforçam a ênfase na casa 2 desse mapa de Valério são:

a) A dignificação, por domicílio, de Saturno em Capricórnio.
b) Esse Saturno rege o Ascendente e a casa 2, simultaneamente.
c) Esse Saturno faz conjunção com Júpiter, muitas vezes referido pela Astrologia como um "facilitador do contato com a fortuna".
d) Vênus, planeta da casa 2 e do dinheiro, está em Peixes, signo de sua exaltação e da regência daquele mesmo Júpiter.


Também vale a pena notar que tanto a Roda da Fortuna (24 de Câncer) e a Lilith (29 de Câncer) estão ambos no início da oitava casa e que Saturno recentemente transitou por ali, estando agora no início de Leão e ainda na oitava casa de Valério. A casa 8, oposta à casa 2, também está associada às finanças.

Certo, figuradas as cores gerais (dinheiro), vamos acrescentar alguns elementos para completar a imagem do quadro.

Quando fiz a análise do mapa de Roberto Jefferson, comentei que Netuno era o planeta da corrupção, devido a suas tendências dissimuladas. No mapa de Jefferson, Netuno recebia uma convergência de aspectos, aqui no mapa de Marcos Valério, Netuno se encontra quantitativamente menos aspectado, porém esse planeta envia justamente uma quadratura (a linha vermelha da esquerda, no mapa acima, entre a bola [Sol] e o tridente [Netuno]) ao Sol do nativo.

Ora, as linhas vermelhas num mapa astrológico representam aspectos "tensos" ou "potencialmente dissonantes" entre dois planetas. Portanto temos uma "dissonância" entre o caráter (Sol) de Valério e o planeta da corrupção (Netuno) envolvendo a casa do dinheiro (Sol na casa 2).

Dito isso, assim de forma crua mesmo, nem é preciso entender muito de astrologia ou clamar por grande experiência astrológica, para perceber que o mapa reflete muito bem aquele Marcos Valério que tem aparecido na imprensa.

Vamos agora observar o mapa de inauguração da cidade de Brasília (21 de abril de 1960), fundada por Juscelino Kubitscheck. Gerado pelo Astrodienst, o gráfico do mapa da cidade de Brasília é:

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Netuno, planeta do misticismo, da música e do idealismo, está no ponto mais elevado do céu de Brasília, no momento de sua inauguração [veja o "tridente" de Netuno, no ponto mais alto do gráfico acima]. O Meio-do-Céu [esse ponto "elevado"] indica a visibilidade, a imagem pública da ´pessoa´, no caso, uma cidade. De fato, Brasília é sim conhecida como uma "cidade mística" e como um importante centro do rock e da música nacional. Quanto ao aspecto idealista de Netuno, Brasília é também conhecida como "A Capital da Esperança". Maurice Jacoel, um astrólogo da cidade chegou mesmo a escrever um trabalho chamado "Brasília, a utopia aquariana", que pode ser lido em:

http://www.constelar.com.br/revista/edicao71/brasilia1.php

Por ser um planeta místico, Netuno também guarda forte relação com a própria Astrologia. Agora em agosto, um importante encontro de astrólogos irá acontecer em Brasília [veja a postagem "A2", nesse blog].

Mas Netuno, como já disse, e é o que nos interessa mais no momento, é também visto como "o planeta da corrupção". E Brasília infelizmente acabou por não conseguir evitar também a expressão desse lado negativo de Netuno. Assim a visibilidade de Brasília (o ponto elevado do mapa) é não apenas mística e musical, mas Brasília é também vista como o lugar da corrupção. Desse ponto de vista, Netuno representa uma verdadeira "mancha feia", ou como cantou Renato Russo: "Mas queimaram o filme..."

Nota-se que Marcos Valério nasceu no ano seguinte ao da inauguração de Brasília. Ora, como Netuno é um dos ultimos planetas do Sistema Solar, do ponto de vista do raio orbital heliocêntrico, decorre que ele se move muito lentamente no zodíaco. No mapa de Brasília, Netuno está a 7 graus de Escorpião; no mapa de Valério esse planeta está a 11 graus do mesmo signo. Ambos os Netunos formam quadratura próxima com o Sol de Marcos Valério, a 9 graus de Aquário. De fato:

7 + 11 = 18 ou ainda 9 = ( 7 + 11 )/2

Assim, o grau do Sol de Valério está cravado justamente no ponto médio entre as quadraturas daqueles dois Netunos. Assim, o mapa de Valério parece bastante íntimo do mapa da cidade, através da energia de Netuno. Valério poderia ter sido importante para o cinema (outro atributo de Netuno) ou para os investimentos artísticos ou musicais da cidade. Já existem alguns festivais de cinema que são tradicionais em Brasília, por exemplo. Mas, a menos que as acusações sobre Marcos Valério sejam enganosas, parece que ele optou mesmo por essa face mais sombria de Netuno: a corrupção. Aliás, Netuno não deixa de guardar relação com a... Publicidade.

Saturday, July 23, 2005

H1: Roberto Jefferson e a Ópera do Malandro

A Constelar...

http://www.constelar.com.br

...divulgou recentemente os dados astrológicos do deputado Roberto Jefferson e seriam os seguintes:

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Nascimento em 14 de junho de 1953; às 0h25min; em
Petrópolis - RJ (22s31, 42w10)

O cálculo para este mapa feito pelo Astrodienst

www.astro.com

É o seguinte:

(Os planetas em verde, na roda externa, são os trânsitos para 30 de setembro de 2005)
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Se o leitor preferir, pode abrir o mapa em outra janela, para acompanhar a leitura:
http://img7.imageshack.us/my.php?image=robertojefferson9aw.gif

Parece-nos sugestivo a presença de Urano entre Lua e Mercúrio, apontando "reações emocionais (Lua) inesperadas (Urano)", lembra-me muito o fato de que Jefferson decidiu falar depois de ter sido ele mesmo denunciado, pois a Lua indica nossa reação emocional quando acuados.

A conjunção Sol - Marte em gêmeos na casa 3 indica, sim, alguém que usa o verbo para lutar. Marte também atua na casa 4, uma casa de bases e alicerces. Lembro-me de uma análise que Dane Rudhyar fez de um suposto Marte de casa 4 de Freud, associando-o ao complexo de Édipo e também a um "bisturi cirúrgico" (Marte é o que separa) dos lixos e das profundezas da alma. Aqui, o Marte de Jefferson parece exercer essa mesma função de "bisturi", mas aqui ao invés da alma humana, teríamos a instituição política brasileira. Marte é aquele que enfrenta, aquele que fere se necessário.

A análise da Constelar (segue link abaixo) associa a ênfase em gêmeos no mapa de Jefferson com a imagem da raposa. Para mim, essa é a imagem da esperteza. No litoral baiano, por exemplo, já vi os nativos chamarem de "rato de praia" aqueles malandros que fazem pequenos furtos sem serem percebidos. Quem conhece a personagem central da "Ópera do Malandro" de Chico Buarque, também conhece essa esperteza. Chico Buarque, aliás, possui vários planetas no signo de gêmeos, conferindo-lhe também uma habilidade com as palavras de que todos conhecemos e, talvez por isso também, o tema do "malandro" lhe tenha interessado tanto, como também interessou ao seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, que também investigou a fundo a imagem do malandro na cultura brasileira. Sérgio Buarque era de Câncer (signo de literatos e historiadores) e possuía Vênus, Plutão, Marte e Mercúrio todos em gêmeos, concretizando aquilo a que chamamos de hereditariedade astrológica.

[OBS: Consultei uma especialista em Ciências Sociais sobre essas associações que faço entre Sérgio Buarque e o tema do malandro, o qual ela contestou; explicando que Sérgio Buarque se preocupou mais com a questão da "cordialidade do brasileiro", mas infelizmente eu não posso aprofundar essa discussão agora.]

O próprio mapa astrológico do Brasil (7 de setembro de 1822):

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Indica a Lua (planeta do povo) no signo de gêmeos e em conjunção com Júpiter, indicando um povo alegre (Júpiter), comunicativo (gêmeos) e cheio daquela esperteza conhecido como "jeito do malandro", o "gingado" e o "jeitinho brasileiro".

Mas desde a antiga cultura grega que o deus Hermes (Mercúrio, regente de gêmeos) já estava associado àquilo que apareceria na cultura brasileira, como o "malandro". Conta-se que Hermes (Mercúrio) quando nasceu, a primeira coisa que fez foi roubar bois de seu irmão, obscurecendo a trilha do gado e fazendo os bois andarem mais devagar. Hermes é também conhecido como um verdadeiro "padroeiro dos ladrões".

Mas quando penso no "malandro", não penso apenas no roubar, penso num sentido mais amplo do termo. Assim, é claro que não se trata de dizer se Jefferson é ou não "ladrão", nossa analogia com Mercúrio é quanto à esperteza e ao "driblar com as palavras", que pelo que vemos aqui, está presente no mapa de Jefferson, mas também está presente em contextos mais amplos: está no mapa do Brasil e também no mapa de dois grandes porta-vozes da cultura brasileira: Sérgio e Chico Buarque de Hollanda.

Nesse blog eu já mencionei aquilo que eu chamo de "Astrologia de boca do povo", e aqui vale a pena citar a expressão "mão leve" para designar os "batedores de carteira" e aqueles que furtam na malandragem, pois na astrologia Mercúrio está associado às mãos, que, diga-se de passagem, é a parte mais versátil e habilidosa do corpo humano, além de ser também muito expressiva. Outra astrologia de boca do povo é a expressão: "Fulano fala com as mãos", remetendo-nos mais uma vez a Mercúrio.

Parece-nos então que Jefferson traz esses dois traços de Gêmeos - Mercúrio: 1) O poder do falar bem e do uso da palavra; 2) Uma habilidade de "raposa" (para citar a Constelar), a esperteza do "rato".

Outro indicativo do "falar bem em público" é a presença de planetas na casa 7. Certa vez eu assisti à palestra de uma socióloga que me impressionou muito, e ela tinha Marte e Vênus na casa 7. Adolf Hitler, que seduzia as massas com sua oratória, também possuía Marte e Vênus nessa casa e também o Sol. Jefferson, segundo o horário divulgado, possui Saturno e Netuno nessa casa, que é também a casa dos inimigos declarados. Saturno indica que os inimigos de Jefferson são inimigos arraigados pela tradição de uma cultura e Netuno é um planeta associado à corrupção. Esse é o planeta que está no Meio-do-Céu do mapa astrológico da cidade de Brasília e é conhecido entre os astrólogos brasilienses, como o planeta da corrupção, pois Netuno é aquele que confunde, ilude e esconde.

Fonoaudiólogos especialistas no "falar bem em público" declararam à imprensa que Marcos Valério, por exemplo, transmitiu "um certo cinismo" com o seu "sorrisinho" quando teve de falar à CPI. Roberto Jefferson, ao contrário, disseram os especialistas, utilizou muito bem as mãos (Mercúrio, como já vimos) e soube ser enérgico e falar com convicção.

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Acredito que esse "falar com convicção" é também um atributo de Marte, colocado na casa 3 (a casa de Gêmeos) no próprio signo de gêmeos, que é regido por Mercúrio, o deus da Palavra. Marte é o planeta da ação e da guerra, essa posição de Marte então sugere alguém que domina as disputas verbais e que gosta de usar a palavra para se afirmar e que provavelmente o sabe fazer muito bem. Esse mesmo Marte está em conjunção com o Sol, o centro da personalidade, e isso sugere que Jefferson não é o tipo de pessoa que se recusa a entrar numa boa briga.

Quem assistiu à entrevista de Jefferson no Roda Viva da TV Cultura pôde observar seu desempenho e observar o quanto ele se coloca bem. Para mim também ficou claro nessa entrevista, e pouca gente está comentando, mas Roberto Jefferson tem tido a preocupação de denunciar um esquema antigo na cultura brasileira. Creio que essa malandragem, que está fortemente enfatizada no mapa de Jefferson e que está, antes dele, enfatizada no mapa Brasil, tem sido esta sim a grande "denúncia" de Jefferson. Assim, o "bisturi" (Marte) de Jefferson veio para nos mostrar essa faceta maléfica dessa esperteza da malandragem brasileira. Nós brasileiros gostamos de nosso jeito jovem e esperto, de nossos dribles no futebol, do nosso samba, mas a outra face da moeda é esse jeitinho que é esperto demais na hora de produzir toda aquela corrupção.

Os mapas de Chico e Sérgio Buarque mostram que eles também foram sensíveis a esse tema do malandro de nossa cultura. E sem dúvida, a comparação dos mapas do Brasil e de Roberto Jefferson mostra-nos mais uma vez a esperteza denunciando a esperteza. Foi uma manobra de malandro chamar a atenção para um esquema muito maior, quando a princípio somente o próprio Jefferson havia sido denunciado em vídeo em janeiro desse ano.

Na Astrologia, Mercúrio é um planeta que traz algo de neutro e de andrógeno, nem masculino, nem feminino; nem bem, nem mal. E é, talvez, por isso que Hermes (Mercúrio) consegue ser o deus dos ladrões, mas também da inteligência. Enfim, Mercúrio é regente de gêmeos, um planeta ambíguo. E não é à toa que o símbolo de gêmeos é um símbolo duplo: dois meninos gêmeos, símbolo da ambiguidade. E essa característica também foi exibida por Jefferson. Naquela entrevista ao Roda Viva, por exemplo, Jefferson criticava todo esse esquema corrupto, mas ao mesmo tempo não negava que dele participava. Depois ele dizia que não era ele o problema, mas que toda a máquina política do Brasil é que está corrompida e não apenas um ou outro.

De fato, temos de observar que o Marte de Jefferson está no fundo do céu de seu mapa, o ponto que se refere à herança cultural e ao passado, àquilo que Jefferson trouxe de seu povo. Mais uma vez a posição de Marte ali nos remete à imagem do "bisturi" que veio para abrir uma dolorosa ferida arraigada em nossa cultura.

Em seu livro, Os Aspectos Astrológicos,

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Charles E. O. Carter (1887 - 1968) escreve, sobre a conjunção Marte - Sol, a respeito da grande vitalidade física ou intelectual que o aspecto confere. Carter afirma que a pessoa fica sujeita a muitos riscos de ferimentos e que o nativo pode também exagerar no campo de batalha, se expondo demasiadamente à luta, o que se deveria a um otimismo, que vem da própria capacidade de lutar da pessoa.

O gêmeos do mapa do Brasil pode produzir o driblador do futebol ou o hábil batedor de carteira. A mão de Mercúrio pode ser a mão que escreve poemas, mas pode ser a mão que mata. Pode ser a caneta de Sérgio e Chico Buarque, ou pode matar milhares nas filas de hospitais, por desvios de verbas e vítimas da abismal desigualdade social do Brasil.

Roberto Jefferson e os próximos meses.

Há também um interessante trânsito de Júpiter pela sétima casa de Jefferson, a casa dos inimigos declarados, das parcerias e associações. Sempre que Júpiter transita por essa casa, pode ocorrer uma necessidade do nativo de melhorar seus relacionamentos e associações. Esse mesmo Júpiter (que traz também a conotação de expansão e confiança) está fazendo quadratura ao Mercúrio (verbo, comunicação) de Jeferson.

Estou curioso para saber então o que ocorrerá com Jefferson por volta dos findos de agosto e ao longo de setembro, quando seu mapa estará bastante ativado pelos trânsitos de Júpiter sobre Saturno e Netuno, ainda na sétima casa. Talvez Jeferson receba alguma reação adversária.

Saturno também estará afetando sua Vênus em Touro na casa 2, através de uma quadratura, mexendo com valores, finanças e relacionamentos. Uma Vênus em Touro de segunda casa indica alguém que tem muito prazer pela comida e pelo luxo, com uma quadratura de Saturno, Jeferson pode ter de aprender alguma lição nesse setor.

Outras análises desse mapa de Roberto Jeferson, o leitor consegue no proóprio sítio da constelar:

http://www.constelar.com.br/constelar/85_julho05/jefferson1.php
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Friday, July 08, 2005

A2: A Pesquisa Astrológica na UnB.

Já faz muitos anos, mas especialmente no século XX, que a Astrologia tem sido pesquisada com tentativas de abordagens científicas mais ou menos felizes. O francês Michel Gauquelin é um dos mais famosos nessa tentativa e sua "obra prima" teria sido a verificação estatística de certas posições dos planetas do sistema solar, na "eclíptica" e certas carreiras profissionais ou esportivas de ponta.

Gauquelin é citado entusiasticamente, por exemplo, no livro "Em Defesa da Astrologia", em tradução de Marcelo Borges, pela editora Siciliano e da autoria do egiptólogo John Anthony West. Gauquelin também é mencionado pelo astrônomo e acadêmico britânico Percy Seymour em seu livro Astrologia - a evidência científica (Astrology - the scientific evidence), traduzido pela editora Nova Era e editado por Waldemar Falcão. Gauquelin é visto com mais reserva. Seymour chega mesmo a citar uma repetição das experiências de Gauquelin, nas quais os resultados estatísticos esperados não foram encontrados (Seria como repetir uma receita de um bolo e o bolo não ficar bom, o que poderia levar o cozinheiro a duvidar da veracidade da receita). Em seu livro, no entanto, Seymour atribui às flutuações do campo geomagnético da Terra uma hipótese para esse resultado inesperado. De fato, Seymour acredita poder derivar um modelo cosmomagnético de ressonâncias de campo dentro do Sistema Solar para explicar os resultados obtidos por Gauquelin e essa foi a primeira vez que eu vi alguém propor um modelo físico para tentar explicar os fenômenos astrológicos.

A metodologia abordada pela Universidade de Brasília, sob liderança do astrólogo Francisco Seabra, segue uma linha diferente da de Gauquelin ou da de Seymour. O primeiro não conseguiu isolar variáveis humanas para verificar as técnicas da Astrologia tradicional, o segundo seria, isto sim, um cientista teórico que tentou elaborar modelos para explicar os resultados de Gauquelin, mas a verdade é que ambos desacreditaram da validade das idéias tradicionais da Astrologia.

Muitas vezes a televisão e outros setores da imprensa tratem com certos sensacionalismos essas notícias. Não faz muito tempo, por exemplo, que Pedro Bial "enterrou" definitivamente a Astrologia numa chamada do Fantástico, usando o peso da ciência como argumento de autoridade. Poucos meses depois, o mesmo Fantástico apresentava uma matéria especial sobre a pesquisa realizada na UnB e seus resultados relativamente positivos.

Mas quanto a metodologia usada na UnB, não é de todo novidade, embora haja ali algo de interessante que eu ainda estou tentando definir, talvez seja a idéia dos diários dos voluntários. Mas eu ainda não sei, mesmo por que os próprios pesquisadores indicaram que trabalhar com esses diários não foi fácil.

O astrólogo baiano Alexey Dodsworth cita a Física Quântica de um modo um tanto suspeito em suas idéias publicadas pela Constelar, mas faz algumas reflexões interessantes acerca do trabalho de Gauquelin, há algumas idéias de Alexey das quais eu não gostei muito, ou talvez até nem um pouco, mas ainda assim deixo aqui o link. Em se tratando de Astrologia e de astrólogos (e, principalmente, da imprensa e dos cientistas abordando o assunto), precisamos ter paciência. Estamos todos ainda aprendendo:

http://www.constelar.com.br/constelar/85_julho05/alexey1.php

(Advertência: Esse texto de Alexey é longo.)

Agora em agosto, ocorrerá um encontro de cientistas e astrólogos na UnB, e eu ainda não sei se conseguirei participar, embora tenha sido convidado a me inscrever. Esse trabalho da UnB está diretamente vinculado a esse encontro. Deixo aqui um link. E até a próxima vez em que eu tocar nesse assunto:

http://www.astroarte.com.br/pesquisa.html

Thursday, July 07, 2005

F1: A quem pertence os céus...?

Pode parecer ilário, mas aconteceu. Os seres humanos já estão começando a disputar poderes extraterrestres. Não, não estou me referindo a quadrinhos ou a filmes regados a pipocas depois de um passeio pelo Mc Donald's de um shopping center, estou me referindo a algo ainda mais estranho: a política. E nada mais terreno do que a política, certo? Bem, mais ou menos. Talvez, eu devesse melhor dizer: "disputar poderes estraterrestrialmente...". Ah! Enfim...

Numa verdadeira atitude de um "Movimento dos Sem - Planeta - Terra". Uma astróloga russa decidiu questionar a "ocupação" que se vem fazendo do espaço. E não se trata do "espaço geográfico" não, mas do espaço sideral mesmo. Ou pelo menos ela decidiu questionar o abuso que a NASA tem feito com os seus brinquedos por aí.

Os astrônomos e planetólogos que estudam o sistema solar tem certa dificuldade ainda para explicar como exatamente o Sistema Solar se formou. Por que existem planetas rochosos e outros gasosos? Como explicar suas diferentes composições químicas? Essas e outras questões ainda não estão bem respondidas por esses especialistas. Ora, uma de suas várias teorias afirma que os cometas transportam materiais muito antigos, que seriam capazes de dar dicas valiosas a esses pesquisadores a respeito do surgimento do sistema solar, isto é, àquele conjunto de corpos celestes que gravitam ao redor da gigantesca massa do Sol: planetas, cometas, asteróides, etc.

Creio então que teria sido esse um dos interesses mais motivadores que levou a NASA a investir cerca de 130 milhões de dólares (Quanto foi mesmo que Marcos Valério movimentou em suas contas bancárias?) para arremessar um projétil num cometa, forçando - o a "quebrar um pouco" e liberar parte desse material antigo para estudo desses cientistas.

É uma verdade bem estabelecida na Física, que quando dois corpos se encontram, seus trajetos são alterados por esse evento. O mesmo ocorre quando dois corpos se separam, ou quando um corpo se parte em duas ou mais partes. Essa idéia é um dos princípios de conservação presentes na Física desde Newton e René Descartes: a idéia da conservação da quantidade de movimento. Essa lei da Física, proíbe, por exemplo, que os estilhaços de uma granada voem todos para uma mesma direção, ao invés disso esses estilhaços devem se projetar nas direções mais variadas, exatamente como ocorre com os pedaços dos fogos de artifício. Portanto, corpos que se encontram ou se separam possuem seus movimentos vinculados pelas variáveis envolvidas nesse evento: velocidades, ângulo de colisão, etc.

Isso me faz lembrar uma piada, que corre entre os físicos, que diz que se os chineses saltassem todos ao mesmo tempo, isso poderia interfirir na órbita do planeta Terra.

Assim, a declaração da astróloga russa:

"É óbvio que os elementos da órbita do cometa, e sua efeméride correspondente, irão mudar após a explosão, o que interfere com meu trabalho de astrologia e distorce meus horóscopos"

[fonte dessa citação logo abaixo]

Seria, a rigor, uma afirmação correta. Porém os cientistas comparam o "Deep Impact" com uma mosca colidindo contra um avião no ar. Isto é, que o efeito do tal projétil sobre o cometa é irrelevante para a determinação de sua órbita.

Eu não quero nem começar a especular a respeito das possíveis reflexões políticas, éticas, filosóficas, etc. que podemos tirar dessa notícia ilária. A citação que eu usei acima, por exemplo, é da Folha On Line:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13360.shtml

Já me basta presenciar o embate ciência x religião, na questão das células troncos, ou a respeito do aborto. E agora mais essa, que sem dúvida, uma questão bem menor, pelo menos por enquanto, mas que possui certa analogia válida.

Outra fonte dessa notícia pode ser vista em:

http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI578375-EI1141,00.html

Há um comentário interessante, sob o título de Vomitron 4, nesse blog:

http://icarlos.blogspot.com/2005_05_15_icarlos_archive.html

Thursday, June 30, 2005

B2: Mercúrio está no céu!

Introdução.

Foram poucas as vezes na minha vida em que eu tive oportunidade de observar Mercúrio. Não é uma imagem muito comum mesmo. Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, no que diz respeito ao seu raio orbital. Geralmente se ensina nas escolas que é o primeiro planeta do sistema solar em distância ao Sol. Depois dele temos Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Depois de Saturno, temos os três planetas que não são visíveis a olho nu e foram descobertos nos últimos dois séculos: Urano, Netuno e Plutão.

Portanto, a Terra é de fato conhecida como o "terceiro planeta" do Sistema Solar e as órbitas planetárias de Mercúrio e Vênus são interiores à órbita da Terra, o que implica que visualmente nem Mercúrio e nem Vênus se afastam muito do Sol.

Na prática, isto significa que tanto Mercúrio como Vênus nunca serão vistos no céu por um terráqueo na superfície de seu planeta natal, a não ser que seja logo após o pôr do Sol ou logo antes do nascer do Sol e, além disso, somente quando estes planetas estiverem a distância suficiente do Sol para não serem ofuscados pela sua luz. Bem, esse raciocínio vale, pelo menos, digamos assim, para latitudes "normais" de nosso planeta. A distância angular máxima que Mercúrio se afasta do Sol é de 28 graus. Já Vênus, pode se afastar no máximo 45 graus.

As posições atuais desses planetas no zodíaco são:

Mercúrio: 3 graus 47' (Leão)
Vênus: 3 graus 12' (Leão)
Sol: 9 graus 09' (Câncer)

Lembro-me de que quando eu mostrei esses planetas hoje ao Alex e ao Rafael, eles estavam uma distância angular pequena entre eles que eu estimei ser próximo do tamanho angular do Sol ou da Lua, que é de cerca de 0,5 grau. Pela tabela acima, podemos observar que a distância angular entre eles é de apenas 0,35 graus. Portanto, minha estimativa não foi ruim.

É bom lembrar que Câncer é signo vizinho de Leão, então a distância angular atual de Mercúrio ao Sol é de cerca de 25 graus.

A Dica:

Amanhã, por volta das 18h ou 18h30min, acredito que essa conjunção entre Vênus e Mercúrio estará novamente visível. Então, Vênus poderá ser vista a Oeste: uma estrela brilhante e grande, linda sobre o horizonte alaranjado do pôr do Sol. Claro, isto supondo que o dia amanhã não nuble.
Pouco acima de Vênus, poder-se-á ver uma estrela de brilho bem menor e que se trata do planeta Mercúrio.

A imagem é relativamente rara. Grosso modo, pode-se dizer que ocorre uma única vez no ano e por poucos dias. A presença de Vênus ajuda a aumentar um pouco a raridade do fenômeno e também ajuda a identificar Mercúrio.

Tuesday, June 28, 2005

D4: A aula e o aluno

Epígrafe:
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"Se a tagente de um ângulo coincidir com o seu cosseno, então o seno desse mesmo ângulo será o número dourado."
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Nessa manhã acordei talvez mais feliz do que eu teria, digamos, o "direito" de estar. Preparei meu café alegre e deixei um bilhete em tinta vermelha para a Grazi, minha colega de apartamento. "Que pena que você não pôde ir visitar a maridagem conosco ontem. O café está pronto, está na garrafa branca. Tenha um bom dia!". Um dos grandes prazeres do bom - humor é esse: contagiar os outros com os seus consequentes gestos significantes e espontãneos.

Quando cheguei no trabalho, os alunos me cobraram: "Professor, o senhor tem que resolver aquela equação trigonométrica da aula passada. Nós não conseguimos chegar numa única resposta. Há várias respostas e elas são muito difíceis de se expressar". Na verdade, os alunos estavam indignados que eu tivesse passado para eles uma equação que eles não sabiam resolver e que ainda por cima, conforme eles mesmos perceberam sozinhos, a equação nem sequer possuía uma resposta específica. Os alunos pareciam ultrajados com isso.

- Fico muito feliz que vocês tenham se dedicado a resolver aquela equação. - eu respondi e depois continuei - Aliás, eu quero que vocês percebam que eu sequer precisei verificar seus resultados numéricos para que eu ficasse satisfeito. Isso que vocês acabaram de me contar já me deixou a certeza de que a equação que vocês levaram para casa cumpriu seu objetivo: vocês enfretaram a equação e a equação fez vocês pensarem. É claro que a resposta da equação tem sua importância própria, mesmo porque no próximo semestre vocês vão prestar concursos que exigirão resultados de vocês. Mas percebam também a importância do processo e não apenas o do resultado.

Depois eu expliquei a eles que aquela equação possuía, sim, uma quantidade infinita de soluções, embora as soluções fossem precisas e que, na verdade, as soluções eram cíclicas. Então eu ensinei a eles primeiro a estabelecer os limites da equação, caso eles quisessem expressar uma solução única, ao invés de terem de se dar ao trabalho de pensarem nas soluções infinitas. Depois eu resolvi a equação, que era a seguinte:

tg x = cos x

Fiz questão de a escrever, para que o leitor pudesse contemplar sua simplicidade. Não, não é preciso pensar nela. Apenas olhe o quanto ela é pequenina. Nem parece que ela guarda dentro de si um par de números de ouro. Eu mesmo quando preparei essa aula pela primeira vez, fiquei surpreso e admirado quando os encontrei.

Depois que eu transformei aquela equação estranha numa equação de II grau e a resolvi por Báscara, eu tive aquele gosto que o professor tem de ver os alunos admirados de ver aquele truque que parecia mágica. Mas a mágica maior era essa: a de que não era mágica, mas sim Lógica. O processo na verdade era simples, mas claro, não para estudantes que o estivesse conhecendo pela primeira vez. Todo passarinho voa, mas voar pela primeira vez é sempre um suplício. Por mais que as andorinhas sejam lindas voando numa manhã fresca, seus suplícios um dia foram necessários.

O resultado daquela equação é um número, a princípio feio, um número esquisito, com uma raiz quadrada irredutível, sim parecia feio mesmo... E ainda por cima dentro de uma fração. Eu já havia dado aquela aula n'outra turma antes. E eu rapidamente havia passado para o exercício seguinte. Para mim, eu sabia, aquele número era muito especial. Para os alunos não: era apenas o resultado do exercício, a sua lápide. O decreto de que aquele exercício estava encerrado e poderíamos passar para a explicação seguinte. Afinal de contas, o mundo está globalizado. (Sim, a globalização chega na sala de aula, sim.)

Na aula que eu havia dado na outra turma, é verdade, o conteúdo era o mesmo. Assim, como a Matemática também era a mesma. Mas aquela aula de agora era um agora diferente. Meu humor estava diferente, como o fora também aquele café que eu havia feito pela manhã. E naquela aula eu tive vontade de fazer algo que eu não fizera na aula do dia anterior: aquele número tosco de giz branco na lousa, eu resolvi ensinar aos alunos a enxergarem-no dourado, exatamente como eu o via e que até então era um segredo meu.

- Gente - eu parei de escrever e comecei a dizer a eles - deixa eu lhes contar uma coisa, por acaso esse resultado que apareceu aí, de forma inesperada nesse exercício, não se trata de uma resposta qualquer, mas se trata de um velho conhecido dos artistas e dos matemáticos, um número que na Grécia clássica era conhecido como o "número do belo" e na Renascença era chamado de "A Divina Proporção". Eu não sei por que ele resolveu aparecer aqui nesse exercício, mas...

E eu fiz uma rápida explicação do que aquele número era e depois segui a aula, aquela explicação não poderia mesmo tomar o espaço que eu gostaria, pois ela não é exigida no mercado de trabalho. Mas talvez eu tenha dado alguma contribuição para manter o número de ouro ainda vivo. Vivo e dourado. E não apenas um giz escrito num branco qualquer, esquecido e depois apagado num quadro negro.

Mas o contágio que o número de ouro estava radiante em mim nesse dia, ainda iria ganhar proporções divinas e que eu não imaginava: um aluno tirou de sua mochila uma revista maçônica, nela havia várias reportagens interessantes. Uma delas era sobre o número áureo e com um requinte matemático: várias equações ali estampadas e inclusive algumas figuras geométricas lindas, que dava vontade de estampar numa camiseta. Dentre elas, as mais impressionantes de todas: equações e geometrias revelando a presença do número áureo, sob os mais diversos aspectos, na construção da antiquíssima pirâmide egípcia de Queops. A arquitetura da pirâmide possuía informações muito profundas de Astronomia, que a matéria apenas esboçava, mas que eu jamais imaginei (sequer sonhei!) que aquele povo poderia possuir naquela época.

Naquele momento quem era o aluno e quem era o professor? Para um número cujo brilho ataravessou tantos milênios essa questão parecia irrelevante. Se não tivesse lançado aquele "pirlim - pim - pim" dourado sobre o giz branco da lousa, certamente o aluno não se sentiria motivado a me mostrar a tal revista que fez dentro de mim, o professor, algo fundamental para o aprendizado: ampliou meu horizonte de ignorância. Depois de contemplar aquelas informações astronômicas, eu percebi que eu realmente não faço idéia de quem era aquela gente que viveu no Egito e que certamente eles têm muito mais matemática para me ensinar do que eu poderia supor.

É claro que a conversa entre professor e aluno, agora dois apaixonados pelo número dourado, teve de continuar fora de sala de aula. Mas é curioso como informações de que precisamos nos vem das formas mais inesperadas e, às vezes, graças ao brilho de um dia bem humorado, tal como se canta na voz de Geddy Lee: Begin the day with a friendly voice...

Sunday, June 26, 2005

D3: A "Cultura" do Número Dourado.

Correndo algum risco de tornar essa postagem de hoje com algum "pecado remissivo" ao comentar outras páginas. Correndo, enfim, o risco de desagradar o leitor mais direto. Mas faço isso por que também corro o risco de deixar o leitor tão feliz quanto eu ao encontrar a beleza de trabalho no qual tropecei na Web: uma verdadeira antítese da pedra drummondiana, ou talvez nem tão antítese assim. Mas na postagem de hoje, enfim, eu queria comentar essa página que acabei de encontrar..., acreditem se acreditarem: a encontrei por acaso.

Trata-se de alguns links interessantes na página da Tv Cultura, um desses links nos dá acesso a uma página sobre “Arte e Matemática”. Um dos tópicos tratados é justamente o “número de ouro”, no qual eu gostaria de destacar:

1) A menção de onde podemos encontrar o número de ouro no quadro d’A Monalisa de Leonardo da Vinci.

2) Exemplos da proporção áurea em figuras geométricas, origens da “espiral de ouro”, incluindo simulações gráficas que tornam clara a obtenção matemática dessa espiral a partir daquelas figuras.

3) Narração da História do número de ouro na Grécia Clássica e no Renascimento.

4) Explicação da Seqüência de Fibonacci, sua freqüência na natureza e sua relação com o número áureo.

Portanto, vale a pena visitar a página:

http://www.tvcultura.com.br/artematematica/home.html

Observação: Link para imagens do Parthenon, citado naquele sítio como construído com base nas proporções áureas:

http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=Parthenon&spell=1

Friday, June 17, 2005

A2: Scientific American: História.

Encontrei nas bancas uma edição especial da Scientific American (em português), com o título dessa postagem. Trata-se da primeira revista de uma série a respeito de História, ao que me parece, História da Ciência, esse primeiro exemplar traz a "A Ciência na Idade Média".

Logo na capa da revista, pode-se notar uma expressão de astrologia (ou de "astronomia" como prefere a revista): um relógio contendo ainda a numeração de 1 a 12 associada aos signos do zodíaco.

Pouca gente sabe, mas o ponteiro das horas de um relógio indica o movimento do Sol através dos doze signos do zodiaco, simbolizando assim, os doze meses de um ano. O ponteiro dos minutos, que assim como a Lua, é mais rápido do que o Sol, indica o movimento da Lua. E eu tenho fortes suspeitas de que a capa da revista se refere exatamente a esse detalhe histórico.

A revista está custando R$ 11,90.

Na capa, há uma referência também ao sítio:

www.sciam.com.br

A figura da página 6 (do ano de 1327) é uma das referências astrológicas mais excitantes, empolgantes e belas que eu já vi na minha vida. Quem conhece Astrologia, percebe um belíssimo e sólido encadeamente das órbitas planetárias com a matemática da Cabala, que eu não posso analisar agora.

A revista também faz referências ao matemático medieval Leonardo de Pisa, conhecido como Fibunnacci, cuja famosa seqüência numérica será analisada em breve aqui nesse Blog. Essa seqüência também foi explorada por Dan Brown, em seu Código Da Vinci e eu também pretendo explicar como e qual a relação entre essa seqüência e o número áureo, que já mereceu duas postagens aqui.

O nascimento da Álgebra e das primeiras universidades também é abordado pela revista. Assim como a Física dos corpos em queda no período medieval, as astronomias ocidentais e orientais do período. A Alquimia, o confronto ciência x religião e tantos outros temas: moinhos, medicina, estrelas cadentes, Gutenberg, etc.

Para quem se interessa pela História da Astrologia ou da Ciência, a revista é uma ótima pedida.

Thursday, June 16, 2005

E1: Novidades no Blog - Índices.

Ok... Agora eu resolvi classificar as postagens por seqüência e assunto. Da seguinte maneira:

1) Adicionei um código de uma letra seguida de um número diante dos títulos das postagens.
Exemplo: "A1", ou "C2".

2) A letra serve para indexar um mesmo assunto comum a duas ou mais postagens distintas. Assim, por exemplo, as postagens "C1" e "C2" dizem respeito ao mesmo tema, a saber, o "Lobisomen". Do mesmo modo, as postagens "D1" e "D2" também dizem respeito ao mesmo tema, no caso, o "número áureo". Toda vez que eu postar algo a respeito do Lobisomen nesse blog, o título será indexado pela letra C, ou quando eu avaliar o tema de alguma postagem posterior "agrupável" com o tema do Lobisomen, tais como algum folclore ou mitologia ligada à Lua Cheia.

3) Sim, o número após a letra indica a posição da postagem numa seqüência de postagens temáticas. Assim, o leitor que ler alguma postagem, saberá que existem outras tantas anteriores àquela que poderá complementar aquela leitura ou lhe fornecer melhor nossa visão a respeito daquele assunto.

Saturday, June 11, 2005

D2: Natureza do Número Áureo

Observação: Diferentemente dos textos anteriores (inclusive o último que apresentava o número áureo), no presente texto eu optei por falar um pouco de matemática mesmo. Dividi o texto em duas partes: a primeira escrevi para um leitor geral; a seguir introduzi um apêndice para fornecer mais informações matemáticas a quem se interessar. Boa leitura.
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O valor 1,618 não é um valor exato, mas uma aproximação. Pode-se obter um valor mais preciso da proporção áurea, com uma calculadora, a partir de sua expressão original.

Aqueles que talvez ainda se lembrem de alguma coisa de suas aulas de matemática, talvez se recordem daquele papo de "conjuntos" e, em particular, dos chamados "conjuntos numéricos", aqueles conjuntos naturais, os inteiros, os racionais, os irracionais e, finalmente, os reais; citados aqui em ordem de complexidade. O número áureo está situado nos irracionais. O famoso número "pi", o número 3, 14 associado às circunferências também é um número irracional, isto é, um número que não pode ser escrito, digamos assim, como "uma fração bonitinha", ou para usar um linguajar mais técnico: "uma fração a partir de dois números inteiros".

Em especial, qualquer raiz quadrada de um número primo não pode ser extraída de forma exata, tal como aconteceria com a raiz quadrada de 4 (que é 2) ou com a raiz de 9 (que é 3) ou até mesmo a raiz de 0,25 que ainda vale exatamente 0,5. Mas a raiz quadrada de um primo nunca é exprimível nesses termos, ou seja, nunca podem ser escritos na forma de "razão" e, portanto, concluí-se que raízes quadradas de primos são "irracionais".

O número áureo é obtido a partir da raiz quadrada de cinco, sendo portanto irracional, afinal cinco é um número primo. Já conversei com alguns professores de matemática que não acreditam tanto assim na beleza do número áureo, pelo simples fato dele ser irracional. Mas acho que existem muitos números na ciência que não são exatos e, ainda assim são belos, tais como o já citado número "pi" (3,1415...). Na Física, podemos citar a constante "c", que representa a velocidade da luz na Teoria de Relatividade de Einstein, e a constante de Planck h, que apareceu pela primeira vez na ciência, no artigo considerado inaugural da Física Quântica, em 1900. Esses números certamente não são inteiros.

O valor exato do número áureo é:

Phi = (Raiz(5) + 1) /2

Se o leitor quiser obter esse número na calculadora, é bastante simples. Pode-se proceder assim:
1) Calcule a raiz quadrada de cinco;
2) Adicione 1 ao resultado;
3) Divida esse último resultado por 2. Esse resultado final é o número áureo Phi.

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Um Apêndice:

Um pouco mais de matemática... (se não gosta de matemática, não prossiga)

Se algum leitor interessado quiser se aventurar um pouco mais na matemática, ele pode tentar fazer os cálculos para o decágono inscrito numa circunferência. O lado l desse decágono é segmento áureo do raio da circunferência circunscrita.

Pode-se demonstrar isso a partir do triângulo isósceles formado pelos raios da circunferência com o lado do decágono. Os ângulos da base valem 72 graus e o ângulo central vale 36 graus, pois 72 + 72 + 36 = 180 graus. A bissetriz de um dos ângulos da base forma um triângulo isósceles menor e semelhante ao primeiro. A partir da semelhança obtem-se:

(R - l) / l = l /R

Que é equivalente à equação de segundo grau:

(l^2) + Rl - (R^2) = 0

Resolvendo essa equação por Báscara, pode-se obter Phi ou (1 - Phi), dependendo se se resolve em relação a R ou l. Dedução semelhante a esta está apresentada mais formalmente, na famosa coleção de "matemática elementar" do Iezzi, volume 9, de Geometria Plana, se não me falha a memória, no capítulo de Polígonos Regulares.

D1: Secções Áureas do corpo humano.

Sempre se ouve dizer que artistas como Leonardo da Vinci ou Michelangelo utilizaram certas proporções matemáticas especiais em suas obras. Dois dias atrás minha amiga Juliana, bióloga e educadora, comentou comigo a respeito de uma palestra de um estudioso de Virgílio. Esse poeta também teria utilizado a mesma proporção nas estruturas de seus versos.

Quando eu resolvi ler O Código da Vinci, de Dan Brown, essa velha história voltou aos meus ouvidos. Dessa vez o autor mencionou o valor dessa proporção, denominada proporção áurea:

Phi = 1, 618

Comenta-se no livro a respeito das abelhas fêmeas numa colméia serem mais numerosas do que as abelhas machos. Juliana me confirmou a informação e explicou que isso se deve ao excesso contigente de abelhas que são preparadas para tornarem-se rainhas. Segundo o autor, se x é o número de abelhas machos na colméia e y o número de abelhas fêmeas, então tem-se:

y/x = Phi

Haveria também essa mesma proporção áurea entre partes do corpo humano. Por exemplo:

1) A razão entre a altura de uma pessoa e a altura de seu umbigo.
2) A altura do quadril e a altura do joelho
3) Entre a distância ombro - ponta dos dedos e a distância cotovelo - ponta dos dedos.

Nesse caso, eu pude tomar uma fita métrica e verificar essas medidas. Realmente, eu obtive valores próximos ao Phi. Tais como 1,676; 1,59 ou 1,6106.

Nas minhas próximas postagens, pretendo falar mais detalhes a respeito desse número áureo. Parece que existe muitas coisas interessantes envolvendo esse número. Parece que quando os matemáticos descobriram esse número, eles acreditaram terem descoberto "o número do belo" ou uma proporção da beleza.